Inclusão de animais em terapia traz benefícios físicos e psicológicos para os pacientes

A terapia com animais traz benefícios mentais e físicos, além de melhorar o convívio social, segundo a ciência
A terapia assistida com animais (TAA) é um método que tem se provado eficiente, principalmente com cães. Um estudo realizado em 2015 pela equipe do Basset Medical Center de Nova York coletou dados sobre o efeito dos cães em crianças de 6 a 7 anos. Das 643 crianças, apenas 12% das que possuíam um cão como animal de estimação apresentaram sinais de ansiedade clínica, contra 21% das crianças que não possuíam cães. O trabalho da TAA é feito pelo terapeuta específico e que treinou o animal, podendo ser realizado também por um profissional especialista.
Segundo a bióloga Maria Paula Mellito, professora da Univali que coordena um projeto de extensão na área, a terapia com os animais faz bem para a saúde também de forma fisiológica. Quando a pessoa está se sentindo bem, há uma bioquímica diferente de quando está com dor ou em sofrimento. Dentro disso, encontra-se a humanização da terapia, já que o animal melhora o ambiente e muda a qualidade do atendimento. “Isso faz com que a resposta ao tratamento seja mais rápida e melhor, já que o paciente está feliz em fazer o procedimento”, explica a bióloga.
Não há um público-alvo específico para que a terapia assistida com animais seja mais eficiente. Segundo a estudante de fisioterapia Jamaira Paola, que trabalha no projeto de extensão com a professora Maria Paula, a TAA funciona com crianças, adultos e idosos, e depende da aceitação do paciente quanto ao método. Porém, ela ressalta que nem todos os animais podem fazer esse trabalho. Cães e gatos são os mais comuns, mas há requisitos que devem ser preenchidos. O animal deve ser dócil, gostar de pessoas e ser treinado por um profissional especialista na terapia. Além disso, deve estar com a vacinação e vermifugação em dia, controle de parasitas, banho recente, além de checagens físicas e de saúde com um veterinário. Esse animal não pode apresentar riscos para o paciente.

Apesar de poder ser feita por qualquer público, com autorização do profissional, a terapia assistida com animais é importante principalmente para as crianças. Os cães, por exemplo, facilitam a adesão dos pequenos. Casos de bullying, problemas de comportamento, isolamento, autismo e hiperatividade podem ser tratados com a ajuda do animal. A terapia ajuda na expressão de sentimentos e facilita a comunicação com o animal, já que não exige diálogo como nas interações humanas.
Dentro da fisioterapia, há pacientes que não têm um aceitamento quanto ao tratamento convencional. As crianças, por exemplo, geralmente não têm uma motivação para querer fazer a terapia. A estudante Jamaira explica que, com os cães, o trabalho fica mais leve e mais fácil de ser realizado. “A criança rende e quer ir à fisioterapia. O cão é um motivador e essa motivação interfere nas condições fisiológicas do paciente”.

Maria Paula sobre a TAA
“Tem crianças que nasceram com uma deficiência ou dificuldade e vão ter que se submeter a terapias a vida toda. A terapia fica chata, desagradável. A presença do cão facilita essa adesão do paciente ao tratamento”.
Maria Paula, além de bióloga, é professora da Univali e coordena o projeto de extensão Terapia Assistida com Animais (TAA) desde 2013. O trabalho engloba os cursos de fisioterapia e fonoaudiologia e tem duas funções: atendimentos ao público e visita a escolas dentro da extensão. Jamaira Paola é bolsista do projeto e conta que o tema foi tão significativo que virou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). “É gratificante, já que os resultados são significativos. Os cães trazem inúmeros benefícios para a terapia em si, potencializa sim”. Porém, Jamaira ainda explica que o paciente deve gostar do animal para que o método funcione. Caso não aconteça o aceitamento, o efeito pode ser reverso.
Hoje, o projeto TAA conta com cinco cães treinados, que fazem terapia com a Fonoaudiologia e a Fisioterapia. Os trabalhos são realizados na Clínica-Escola de Fisioterapia e na Clínica de Fonoaudiologia, além de lugares como o Asilo Dom Bosco. O TAA tem parceria com a Associação Pequenos Doutores. Alunos de biologia, fonoaudiologia e fisioterapia fazem parte do projeto que, além de atender para a terapia, trabalha a conscientização animal na educação infantil de escolas em Itajaí.
