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Vamos falar sobre depressão?

No mês de prevenção ao suicídio é importante falar sobre a doença que atinge 300 milhões de pessoas no mundo

Humor deprimido, diminuição do prazer e/ou interesse em atividades diárias, perda ou ganho significativo de peso, insônia ou hipersônia, perda de energia, irritabilidade, sentimento de inutilidade ou culpa. Esses são alguns dos sintomas da depressão. Muito tem se falado desta doença nos últimos anos, mas pouco ainda se entende.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a quantidade de casos de depressão cresceu 18% em dez anos. Até 2020, esta será a doença mais incapacitante do planeta, na previsão da OMS. Mesmo com dados alarmantes, a depressão ainda é considerada um tabu e é vista de forma pejorativa. Da boca do povo ainda podemos ouvir “depressivo não tem nada para fazer” ou “isso é drama”. Depressão gera preconceito.

Depressão não é frescura, é doença. Não só psicológica, mas química também. A professora de neurofisiologia do curso de Medicina da Univali, Márcia de Souza, explica que, por mais de três décadas, as bases neuroquímicas dos transtornos depressivos são explicados por meio da Teoria Monoaminérgica. A teoria propõe que a pessoa depressiva tem distúrbio de neurotransmissores monoaminérgicos, que são a serotonina, noradrenalina e/ou dopamina. Essas substâncias são responsáveis pela regulação de humor, energia, sono e motivação, o que explica os sintomas que o depressivo vai apresentando.

Por mais que a tristeza esteja ligada à depressão, ela por si só não é considerada uma doença. Na verdade, é um sentimento considerado até saudável pelos médicos. “A tristeza é uma resposta a situações. Uma pessoa triste ainda consegue fazer atividades diárias, mesmo que desanimada. Já no estado depressivo, a pessoa fica sem energia, extremamente cansada e sente-se impossibilitada de realizar os afazeres do dia a dia”, explica a psicóloga Débora Garcez dos Santos.

A depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da OMS. No Brasil, 11,5 milhões sofrem com esse problema. A doença não tem idade, cor, gênero ou posição social. Para uma pessoa ser diagnosticada com depressão, os sintomas devem permanecer por pelo menos duas semanas, de acordo com Débora. A doença não tem uma causa específica e pode ocorrer por questões emocionais não resolvidas, perda de um ente querido ou mudança indesejada de vida, entre outros motivos.

Débora explica que a depressão é um transtorno de humor comum, porém grave. Entre os estágios da depressão há: a) Depressão leve – a doença não prejudica o desempenho do paciente; b) Depressão moderada – dificuldade no desempenho diário; c) Depressão crônica (Distimia) – o paciente não responde mais a questões básicas do dia a dia, como tomar banho. E nos três estágios pode aparecer o sintoma mais perigoso, a ideação suicida.

A cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio em algum lugar do mundo, totalizando mais de 800 mil mortes por ano. Essa é a segunda causa de morte em jovens entre 15 e 29 anos, responsável por 50% das mortes violentas entre homens e por 71% entre mulheres, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. “O suicídio é considerado uma tentativa, não de acabar com a vida, mas com o sofrimento”, esclarece a psicóloga.

Existem alguns estágios neste comportamento. A pessoa começa a sentir-se cansada, depois começa a cogitar sumir, em certo momento pensa em como fazer isso e, por fim, vem a tentativa. Nunca é de uma hora para outra e em todas as fases a pessoa vai dando indícios. “É fundamental que os familiares e amigos prestem atenção e acolham a pessoa, pois o suicídio pode ser evitado”, comenta Débora.

A melhor forma de ajudar alguém com os sintomas listados é ser compreensivo, atencioso e auxiliar a procurar tratamento adequado. Caso você se identifique, procure um psicólogo. O profissional vai ajudar a compreender o que é a depressão, as suas manifestações, a identificar formas negativas e irrealistas de pensar e aprender estratégias para controlar a sintomatologia, diminuindo o desconforto físico e mental, esclarece Débora.

Outra forma de tratamento são os antidepressivos, medicamentos que aumentam a quantidade de neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e dopamina) no Sistema Nervoso Central. “É importante ressaltar que os antidepressivos demoram de 3 a 4 semanas para fazerem efeito e nesse limbo os sintomas agravam. Nesse momento, é importante, mais do que nunca, que a família apoie o paciente”, comenta Márcia de Souza professora de neurofisiologia.

A Universidade do Vale do Itajaí (Univali) oferece um programa de atenção à saúde mental universitária frente às ocorrências de crises de ansiedade, pânico, surtos e tentativas de suicídio no ambiente estudantil, o Programa Acolher. “Esse sofrimento afeta as atividades de vida diárias do acadêmico a ponto de atrapalhar seu processo de ensino e aprendizagem, por isso, o programa foi criado, para que os acadêmicos possam ter um acolhimento e escuta qualificada de profissionais de área”, explica a psicóloga e responsável pelo Programa Acolher, Roberta Borghetti Alves.

O programa começou ano passado após uma palestra com André Trigueiro realizada na universidade com o tema suicídio. Este projeto é inovador em Santa Catarina dentro de universidades privadas. Os atendimentos psicológicos são realizados no bloco F2 – sala 201. Para mais informações sobre o serviço, basta ligar no telefone (47) 3341-7696, na Escola de Ciências da Saúde.

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