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Pouco a pouco, casal de Brusque transforma casa em exemplo de sustentabilidade

A residência de André e Heloísa foi feita com materiais de demolição e possui outras medidas que beneficiam a natureza

Ao longo dos anos, o engajamento em conscientizar a população sobre a importância da implantação de medidas sustentáveis ganhou força. Separação e descarte correto do lixo, substituição do plástico, redução da produção de lixo são algumas dessas medidas. Em Brusque, o casal André e Heloísa são amantes da natureza e implementam no seu cotidiano atitudes que preservam o meio ambiente. Pensando nisso, eles construíram sua casa com materiais reaproveitados de outra construção, além de possuírem no seu terreno outras medidas que beneficiam o meio ambiente. 

Eles se definem como “um casal apaixonado pela natureza, que vive em harmonia com o meio ambiente”. Seu perfil no Instagram (@nossavidaheko) traz algumas informações sobre a rotina e workshops que realizam na casa. O nome Heko veio de Helô (apelido de Heloísa) e Kola (apelido de André). 

Heloísa e André Klabunde (Arquivo Pessoal)

O engenheiro ambiental André Kohler Klabunde sempre gostou de praticar atividades ao ar livre e de estar em contato com a natureza. Trilhas, sejam a pé ou de bicicleta, acampar, montanhismo e escalada sempre fizeram parte da sua vida ativa. Esse amor pelo contato com a natureza fez com que ele cursasse Engenharia Ambiental. 

Já Heloísa Machado de Souza Klabunde sempre foi uma admiradora da sustentabilidade. Ela é formada em Engenharia Elétrica, especializada nas áreas de eficiência energética e energias renováveis e, desde 2018, atua nessa área. “Posso dizer com propriedade que sou muito grata por ter escolhido este caminho e poder conciliar meu trabalho com meu estilo de vida”, comenta.

Durante sua formação, André teve contato com a área de permacultura, conheceu os benefícios desse estilo de vida e os aplicou na sua casa. A permacultura é um sistema de design na criação sustentável e produtiva de ambientes que se equilibram com a natureza. O casal não se imaginava morando em um apartamento ou em um local sem jardim. 

A construção da casa

Em 2014, enquanto o casal estava passando pelo centro de Brusque, Santa Catarina, nasceu a ideia de construir sua própria casa. Heloísa e André viram uma casa sendo demolida e, quando perceberam que aquele material seria descartado, eles compraram, ali mesmo e como estavam. O casal tinha um semana para retirar e deixar o terreno limpo. Além dos tijolos, eles também aproveitaram as madeiras, portas, assoalhos e janelas. 

Todo o material ficou guardado, até que em fevereiro de 2017 iniciaram a construção e um ano depois ela foi concluída. Nesse meio tempo, o casal de engenheiros casou e já foi morar na casa. André e Heloísa fizeram questão de participar desde o planejamento, construção e finalização da obra. Apesar de terem iniciado o planejamento um ano antes da construção, muitas coisas foram mudadas e acrescentadas. “A experiência foi incrível. Sabemos cada detalhe, cada prego colocado. Foi tudo planejado com muito carinho”, afirma Heloísa. 

Como a casa foi desenvolvida com materiais de demolição, o casal teve alguns desafios e cuidados para que tudo ficasse do jeito que imaginaram. Os tijolos foram impermeabilizados e as portas e janelas foram reformadas, mas permaneceram com a cor natural da madeira. Eles apontam que o material mais difícil de trabalhar foi as madeiras de alinhamento, que eram muito antigas e estavam cheias de prego. Além disso, houve a dificuldade em achar algum profissional que lidasse com esse tipo de material. 

Escada caracol em construção (Arquivo Pessoal)

Um dos detalhes mais marcantes durante a construção foi o desenvolvimento da escada caracol. Como a casa é toda feita com o material da demolição, eles queriam que a escada não fosse convencional. Para esse trabalho, André e Helô fizeram muitas buscas até encontrarem, em São João Batista, um senhor de 88 anos. Ele foi o único que aceitou o desafio do casal.  “Não era o perfeito que queríamos, mas ficou o detalhe mais lindo da casa e o resultado final superou todas as expectativas”, relembra Heloísa. 

Sustentabilidade em cada detalhe

Apesar da casa ser amada do jeito que está, o casal comentou que existem algumas coisas que gostariam de aperfeiçoar. “Como se fosse uma tela em branco e temos essa liberdade de criar, melhorar, então ficamos planejando quais serão os próximos passos”, comenta Heloísa. O casal gostaria de substituir o telhado do deck por um telhado verde, que absorveria o calor durante o verão. Outra mudança seria a troca de lugares da sala com a cozinha, já que o casal notou que a cozinha tem pouca entrada de luz durante o inverno e o oposto ocorre com a sala. São algumas medidas simples, mas que contribuem não só com a qualidade de vida do casal, como também com o meio ambiente. 

Helô e André planejaram sua casa para que ela cause o menor impacto possível no meio ambiente. Eles preservam os recursos naturais, além de reaproveitar e repensar os materiais que utilizam. Para o casal, seu bem mais precioso é a água, eles cuidam e a tratam, além de consumi-la através do poço semi-artesiano que fica no terreno. A casa também tem um tratamento ecológico do esgoto, construído pelo casal através de uma bacia de evapotranspiração (popularmente conhecida como fossa de bananeiras) e que evita a contaminação dos lençóis freáticos. As soluções sustentáveis proporcionaram uma melhor qualidade de vida e benefícios para o meio ambiente. Esse estilo de vida também possibilita uma redução nos gastos mensais. 

Workshop ministrado pelo engenheiro ambiental Felipe Hoffmann (Arquivo Pessoal)

A casa de Heloísa e André, geralmente, atrai muitas pessoas curiosas e interessadas pelo tema e que são recebidas de portas abertas. Alguns projetos e medidas sustentáveis são produzidos e finalizados quando o casal recebe grupos de amigos e interessados no assunto. A cada projeto que tenha participação externa, o casal de engenheiros se preocupa em convidar um profissional da área para dar um workshop. Assim todos conseguem entender a teoria e botá-la em prática. A fossa de bananeira foi construída em um desses workshops ministrado pelo engenheiro ambiental Felipe Hoffmann. 

Baseado em certificações já existentes e pensando em ajudar outras pessoas a optarem por uma estabelecimento mais sustentável, em seu TCC, André desenvolveu um Manual de sustentabilidade para pequenos empreendimentos. Conforme o manual desenvolvido, a casa deles se enquadra na pontuação de 50-60%, o que ainda é classificada como pouco sustentável. Entretanto, à medida que o casal vai desenvolvendo e acrescentando novas medidas sustentáveis, a pontuação também aumenta.

Tabela Índice de Sustentabilidade do empreendimento (Arquivo Pessoal)

O sonho de André e Heloísa é ter todas as soluções sustentáveis possíveis na casa. A engenheira eletricista acredita que, até o final do ano, sua casa contará com o sistema fotovoltaico (geração de energia através da luz solar). Como trabalha na área, Helô conhece os benefícios que essa mudança irá proporcionar na vida do casal. Um dos impactos é na fatura de energia, que pode sofrer uma redução de até 95%, além de ter um rápido retorno do investimento, entre 5 a 6 anos. Uma curiosidade que a engenheira menciona é que em 20 anos de funcionamento desse sistema, será suficiente para ele produzir energia renovável suficiente para evitar que 99 mil quilogramas de CO² sejam emitidos na atmosfera. Esse resultado equivale ao plantio de 320 árvores ou à retirada de 100 carros da estrada. 

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