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Pacto pela Mata Ciliar reúne esforços para recuperar áreas degradadas na Bacia do Rio Tijucas

Você já deve ter ouvido falar em mata ciliar, certo? Provavelmente aprendeu sobre este tipo de vegetação tão importante nas aulas de Geografia na escola. A nossa postura enquanto sociedade, no entanto, dá a impressão de que não a conhecemos tão bem ou que, simplesmente, desdenhamos da sua importância.

A mata ciliar é a cobertura vegetal no entorno de rios, lagos, córregos e nascentes. Nas explicações mais didáticas, é descrita como uma espécie de esponja, que ajuda a reter água da chuva, fortalecer o solo e atuar como filtro para poluentes. Quando as margens de cursos d’água estão desprotegidas, eles sofrem as consequências.

Esta é a situação em muitos pontos da Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas, que abrange uma área de mais de 2.300km² em 14 municípios. Ao longo do tempo, a mata atlântica sofreu com a supressão para ser utilizada como lenha nas casas e indústrias, sobretudo no ramo da cerâmica, para abrir espaço para a lavoura e pastagens e foi desmatada em virtude do crescimento desordenado das cidades.

Hoje em dia, erosão das margens, assoreamento do rio principal e de afluentes, despejo de poluentes na água e perda de habitat para animais e plantas são problemas encontrados na região. Estes conflitos são o alvo do Pacto pela Mata Ciliar, projeto do Comitê Tijucas Biguaçu que visa incentivar e apoiar a recuperação de margens de cursos d’água.

“Nós trabalhamos de maneira integrada com o poder público, escolas, produtores rurais e sociedade civil para promover a consciência sobre a importância dos cursos d’água”, resume o Técnico Ambiental do Comitê, Tiago Manenti Martins. Formado por um conselho com representantes de diversas áreas da sociedade, o comitê é um órgão consultivo e deliberativo independente, ainda que vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável do estado.

Área em início do processo de recuperação. (Foto: Tiago Manenti Martins).

No Pacto pela Mata Ciliar a equipe técnica do comitê identifica áreas degradadas, que podem ser públicas ou privadas, e incentiva a sua recuperação. Todo o planejamento do processo de reflorestamento, cessão de mudas de plantas – sempre de espécies nativas – e acompanhamento do trabalho são feitos pelos membros do órgão. Os proprietários precisam ser parceiros e aderir ao programa, ajudando no plantio e isolamento e manutenção das áreas.

Segundo o técnico, há mais de 90 áreas em recuperação em todas as cidades que compõem a bacia e, desde o início do programa, em 2013, já foram plantadas mais de 12 mil mudas em um total de 20 hectares de terra. Apesar de apresentar bons números, o projeto sofre com a falta de interesse em alguns casos e com a falta de recursos, que acarreta em dificuldades com mão de obra, logística e insumos. “Dá certo quando encontramos uma comunidade engajada, autoridades interessadas que mobilizam mais gente em torno da questão”, avalia.


Ele afirma, porém, que já percebe uma procura espontânea das pessoas pelo comitê em virtude de um aumento da consciência ambiental. Em outros casos, porém, a indicação do órgão é feita pela Polícia Militar Ambiental, em casos de infrações.

Perdendo terreno

Quando comprou uma área na localidade da Itinga, interior de Tijucas e às margens do rio que leva o nome da cidade, Iraci Donatti Bertelli percebeu que a erosão já tinha levado boa parte do terreno. Segundo ela, aproximadamente 25 metros foram perdidos por desbarrancarem no leito do rio.

Ela conheceu o Pacto pela Mata Ciliar e resolveu procurar o Comitê Tijucas Biguaçu para iniciar a recuperação da área. “Agora é proteger esse pedaço do terreno pra não perder mais, né?”, comenta.


Ela argumenta, no entanto, que a preocupação com o meio ambiente é uma constante na sua vida. “Hoje a gente ouve tanto falar em falta de água. É um projeto bom, muito importante. Penso que a maneira de a gente fazer um futuro melhor é começar a fazer agora”, sentencia.

Como as mudas distribuídas pelo projeto são apenas de plantas nativas, Iraci deleita-se com a possibilidade de, num futuro próximo, frutas que há tempo ela não via estarem disponíveis em seu terreno. “Voltar a plantar árvores frutíferas que eu não via desde criança é muito gratificante. São frutas que servem para os pássaros e pra gente também”. E conclui: “Talvez eu não vá conseguir comer, mas meus filhos e netos vão poder conhecer e eu vou fazer questão de contar pra eles a história de cada planta e cada fruta daqui”.

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