Os efeitos colaterais do consumo exagerado de pornografia

Cerca de 37% da internet é composta de material pornográfico. Exposição excessiva pode causar danos à saúde física e mental

O surgimento e a expansão da internet banda larga facilitou o acesso a todo o tipo de conteúdos pornográficos. Hoje, adolescentes do mundo todo podem acessar sites que disponibilizam pornografia com apenas alguns toques em seus smartphones. O consumo exagerado desses materiais oferece sérios ricos à saúde física e mental e os principais afetados são os jovens.

Um dos problemas é a busca de um ideal sexual na vida real baseado em conteúdo pornográfico. Isso provoca uma pressão, principalmente sobre as parceiras de garotos, para que se comportem como “porn stars”. Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o quadro de problemas desenvolvidos por excesso de pornografia inclui disfunção erétil e dificuldade de ejaculação.

Os Estados Unidos é o país que mais produz conteúdo pornográfico e, evidentemente, é o mais afetado. Mas essa realidade não está longe do Brasil. “Eu achei que era normal e que eu estava aprendendo sobre sexualidade”, relata um estudante de psicologia. “Agora eu vejo que isso tem os mesmos efeitos que um vício em drogas, o curso permitiu que eu enxergasse essa perspectiva”, completa.

Segundo a empresa de dados britânica Optenet, cerca de 37% da internet é composta de pornografia. Estima-se que o mercado pornográfico já ultrapassou o tráfico de drogas e alcançou a 2ª posição no ranking de lucratividade segundo dados da Organização “Treasures”.

Desfrutar menos do sexo real talvez seja a consequência mais conhecida do consumo excessivo de pornografia e um problema bem compreendido no século XXI. Não é raro ouvir falar de jovens que estão acostumados a ver pornografia e acham desnecessário ter relações sexuais.

“Uma geração inteira está crescendo e acredita que o que você vê na pornografia pesada é a forma como faz sexo”, afirma a estudante de psicologia Aline Cristini, que estuda os efeitos do consumo excessivo de pornografia em adolescentes. “Como a indústria pornográfica é dirigida por homens, financiados por homens e voltada para os homens, a pornografia tende a apresentar uma visão de comportamentos sexuais que não existem”.

Especialistas afirmam que o problema está na frequência de pornografia que o usuário assiste. “Tudo em excesso faz mal, como comer ou simplesmente beber água demais. Quando me dei conta, meu filho não saia mais do quarto. Evitava qualquer tipo de interação social”, afirma a mãe de um adolescente de 17 anos que faz terapia e preferiu manter seu anonimato.

Para as mulheres, a interação com a pornografia vai em um caminho um pouco diferente. A indústria pornô ainda está começando a abrir as portas para conteúdos focados no público feminino. Só nos últimos anos surgiram produtoras que criam conteúdos específicos para agradar as mulheres. Hoje, no Brasil, aproximadamente 33% dos acessos a grandes canais de pornografia são feitos por mulheres. No mundo, a média é um pouco menor, de 25%. A maioria das consumidoras são garotas de 18 a 24 anos.

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