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O custo social e ambiental da reciclagem

A conscientização é necessária para garantir o futuro da humanidade e da vida do planeta Terra

Uma cidade onde não há árvores e o ar é comercializado em galões como a água. Essa é a realidade da anima­ção O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida, da Illumina­tion Entertainment. O filme conta a história do persona­gem Umavez-ildo que é ce­gado pela ganância e derruba até a última árvore do vale para enriquecer. Enquanto desmata, o personagem en­contra Lorax, o defensor da natureza, que tenta o impedir da crueldade.

A história do filme é pare­cida com a realidade. Segundo estudo do Ministério do Meio Ambiente, a humanidade já consome 30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da terra. Caso esse padrão se mantiver, em menos de 50 anos serão ne­cessários dois planetas Terra para atender às necessidades de água, energia e alimentos da população.

Nesse momento, é impor­tante ampliar o conceito de consumo, explica Antonio Silveira Guerra, professor especializado em Ecologia e Problemática Ambiental. “Precisamos citar os 5Rs: re­pensar, recusar, reduzir, reu­tilizar e reciclar; pois eles são a inversão do processo capi­talista de extrair, produzir e descartar”, comenta.

No Brasil, cerca de 240 mil toneladas de lixo são produ­zidas diariamente, sendo que apenas 2% dele é reciclado. “Quando você pensa que são mais de 7 bilhões de pessoas consumindo e produzindo resíduos diariamente no planeta, faz toda diferença você lembrar do custo ambiental e social que a produção, o transporte e o descarte de um produto pode acarretar em problemas para o mundo em que vivemos, sem ao menos ter real necessidade”, esclarece Antonio.

A lógica dos 5Rs, apresen­tada pelo ecologista, é: repen­se hábitos e reduza o consumo de produtos, recuse empresas que não tenham compromisso com o meio ambiente, reutili­ze e amplie a vida útil de um produto e recicle, pois a reci­clagem diminui a quantidade de lixo jogado na natureza e de energia e matéria-prima utilizada para a produção de novos produtos.

A reciclagem também gera trabalho e renda para milha­res de pessoas, através da coleta seletiva, como é a re­alidade de Sandra e Aurélio. O casal trabalha há 20 anos recolhendo, separando e reci­clando o lixo coletado, sendo esse o meio de vida e renda para a família. “Saímos eu e meu marido, junto com nos­sos dois filhos e a carretinha engatada no Fusca, por aí re­colhendo o lixo da rua e de ca­sas que ligam para nós”, conta Sandra. “O que é lixo para muitos, é a nossa vida e de onde tiramos dinheiro para so­breviver”.

De acordo com o Artigo 225 sobre Meio Am­biente da Cons­tituição Federal de 1988, “todos têm direito ao meio am­biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, im­pondo-se ao poder público e à coletividade o dever de de­fendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Mas como fazer uma boa ação corretamente? A agrônoma e especialista em resíduos Dalva Sofia Schuch explica. Primeiro, deve-se separar exatamente o que é reciclável, orgânico e descartável e encaminhar cada um para o seu devido lugar, esclare­ce Dalva. “Os recicláveis devem ser admi­nistrados para coope­rativas ou coleta seletiva e o que é orgâ­nico deve ser direcio­nado para as composteiras. As­sim, evitamos de lotar os aterros sanitários”, instrui.

E para quem diz que não recicla por ser complicado e não ter tempo, Dalva revela algumas coisas sobre reci­clagem. “A desculpa de dar muito trabalho é para aqueles que não se informam direito. Reciclar não dá trabalho para você, já que o seu papel é só separar e encaminhar”, co­menta a agrônoma. “Sobre la­var os produtos, vai do senso de cada um sobre o mau odor, mas eles já serão lavados ao chegar nas cooperativas e, se pensar consciente, será gasto de água”, justifica.

Vale lembrar que os mate­riais não são recicláveis para sempre. O vidro é 100% re­ciclável, mas o plástico e o papel têm um limite. A agrô­noma também explica que o papel amassado não é recicla­do, é preciso picotá-lo para que seja reaproveitado.

Reciclar custa caro, mas é ainda mais barato do que criar um produto do zero. A ação também gera diminui­ção da poluição e do consumo exagerado. “A consequência da inconsciência é um mundo coberto de lixo e sem vida”, finaliza Dalva.

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