A inclusão é um dos pilares principais da 33ª Marejada. Em parceria com o Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com deficiência (Comadefi), o evento criou um plano de acessibilidade já na edição passada, que possibilita às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida não só participarem, mas também curtirem a maior festa do pescado do Brasil.
Com o slogan “Marejada: uma festa pensada para todos ”, o evento coloca em prática o Artigo 53 da Lei Brasileira de Inclusão com banheiros adaptados, disponibilização de cadeiras de rodas, intérpretes de Libras, programação e cardápios em audiodescrição, mesa tátil para deficientes visuais e espaço kids com inclusão para autistas. Esse artigo garante a pessoa com deficiência e mobilidade reduzida o direito de exercer seus direitos de cidadania, viver com independência e de ter participação social. Para Liana Martins, conselheira do Comadefi, o Plano de Acessibilidade foi além disso. “A mãe com carrinho de bebê precisa da mesma acessibilidade em termos de espaço físico e arquitetônica que um cadeirante”, concluiu a conselheira.
Após o resultado positivo do ano anterior, foram feitas melhorias e adaptações. As postagens nas redes sociais da Marejada com descrição de imagem e o balcão de assistência do Comadefi, que possibilita acompanhamento e auxílio para autistas e portadores de Síndrome de Down durante o evento, são algumas dessas medidas.

Bruno Carlos de Oliveira, vice-presidente da Associação de Deficientes Visuais Itajaí e Região (Advir), afirmou que não tem o que reclamar quanto a acessibilidade. “A gente se sentia até um pouco constrangido em chegar aqui e não ter essa acessibilidade. Ficar perguntando para as pessoas onde ficava isso, onde ficava aquilo, até mesmo quando chegasse a um restaurante para pedir nosso cardápio tinha que pedir para outras pessoas lerem para gente”, ele contou.
A festa Marejada também fechou uma parceria, desde o ano passado, com uma escola de cães-guia, Instituto Helen Keller, que auxilia a instrução sobre o uso dos cães para quem necessita e o que fazer quando se encontrar com um. Para Jenifer Ferreira, 23, uma das auxiliares no evento, a procura no stand do instituto está sendo grande, assim como a divulgação da escola e conscientização da população.
Saldo positivo também para os cardápios gravados nos caixas dos bares. “Primeira vez que venho e estou gostando muito”, avalia Valmir, 59, que tem dificuldades na fala e é acompanhado de seu cão Bob. Valmir acabou perdendo a visão em um acidente de carro em 2003 e desde 2005 é acompanhado pelo melhor amigo, um cão da raça Golden Retriever treinado para ser um cão guia.
Há dois meses e meio, Katia Escobar, 54, utiliza cadeira de rodas. Apesar de achar a infraestrutura do evento bem acessível e de fácil mobilidade, ela teve dificuldade em encontrar uma vaga próxima, e destinada a cadeirante, para estacionar. Acompanhada de sua família, ela deixou seu carro longe do pavilhão, o que dificultou na sua locomoção.
O ambiente familiar, gastronomia e sustentabilidade eram os pilares para a execução da Marejada e recentemente a acessibilidade foi adicionada. O objetivo foi trazer um público que normalmente não participa de eventos como esse. Para o diretor executivo da secretaria de turismo, Darlan Martins, ter sensibilidade e pensar de forma mais ampla a acessibilidade é algo que todos deveriam fazer.