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Marcas da pandemia, perdas na aprendizagem e evasão escolar são desafios para a educação básica

A pandemia de covid-19 completou três anos em março e causou perdas irreparáveis, como a morte de milhares de brasileiros. Além disso, a pandemia causou outros danos muito difíceis de serem recuperados, como é o caso do prejuízo na educação. O Brasil, um dos países da América do Sul que manteve as escolas totalmente fechadas por mais tempo durante o período, enfrenta o desafio de lidar com problemas como abandono escolar, perda de aprendizagem e impactos socioemocionais em alunos da Educação Básica.

Apesar de já enfrentar muitos desafios antes da crise sanitária, os efeitos pós-pandemia intensificaram ainda mais as dificuldades enfrentadas pelos alunos e professores. Infelizmente, as marcas deixadas por essa crise serão difíceis de serem reconstruídas.

Para a professora de Letras do Ensino Público, Rozane Fermino, uma das principais dificuldades enfrentadas pelos alunos é manter o ritmo de estudos. As mudanças abruptas no formato de ensino levaram muitos estudantes a perderem a motivação pela aprendizagem e o foco. 

“Antes, em casa, tinham a flexibilidade de ficar no celular, ver televisão, jogar videogame ou sair. Isso tornava o ambiente de aprendizagem menos propício para o desenvolvimento das habilidades necessárias. E hoje, resulta em uma dificuldade dentro da sala de aula”, destaca a professora.

Impactos socioemocionais na aprendizagem

Outro fator que tem impactado negativamente os alunos é a ansiedade, que se tornou ainda mais evidente durante esse período. Um estudo desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), mostrou que 45% dos alunos foram diagnosticados com ansiedade generalizada e 17% com depressão durante o primeiro ano da pandemia. Além disso, mais de 60% relataram crises de ansiedade e dificuldade para dormir. Falta de motivação e problemas de concentração foram reportados por quase 80%. 

De acordo com um levantamento realizado pela Unesco, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), as escolas no Brasil permaneceram fechadas por um total de 267 dias entre 2020 e 2021. A retomada das atividades escolares aconteceu de forma desigual entre os estados e municípios brasileiros. Algumas redes estaduais já haviam retornado ao formato 100% presencial entre setembro de 2021 e abril de 2022, enquanto no Rio Grande do Sul isso ocorreu somente em novembro de 2021.

Durante o período de fechamento, muitas escolas não tinham informações sobre os alunos matriculados. Atualmente, os índices de abandono escolar voltaram aos patamares observados antes da pandemia. Mas ainda há um risco elevado de evasão, uma vez que muitos estudantes precisam trabalhar devido à crise econômica e outros demonstram desinteresse nos estudos, devido à defasagem gerada pelo período de fechamento das escolas. – relata Ivan Gontijo, coordenador de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.

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