Pesca artesanal da tainha inicia em Bombinhas

Missa de Abertura na manhã de domingo celebra o início da atividade tradicional

A comunidade pesqueira bombinense realiza no dia 5 de maio, domingo, às 10h, a tradicional Missa de Abertura da Pesca Artesanal da Tainha. A celebração está na 11ª edição e acontece na Praia de Bombas, com acesso pela rua Tucano.

A Missa é realizada para agradecer a temporada passada e pedir abundância para este ano. É um momento que reúne a comunidade, pescadores e visitantes para oficializar o início das atividades pesqueiras, com o apoio da Prefeitura de Bombinhas e da Fundação Municipal de Cultura.

Durante a Missa, um dos momentos mais significativos é a passagem da rede de pesca sobre as pessoas. Nessa hora, fica clara a simbologia de que todos podem tocar e carregar a rede porque a pesca artesanal se faz com a ajuda de todas as mãos.

A Pesca Artesanal da Tainha, que inicia oficialmente no dia 1º de maio e perdura até 31 de julho, é Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Estado de Santa Catarina e do município de Bombinhas desde 2012.

Missa de Abertura em 2018. Foto/ divulgação: O Atlântico

História


Pesca da tainha em Bombinhas, na década de 50.
Foto: Dona Ba Pinheiro/ Arquivo Pessoal.

De origem indígena, a pesca da tainha está presente na região antes mesmo da chegada dos portugueses. Com a vinda dos  açorianos, o uso de ferramentas aliado ao conhecimento de construção naval aperfeiçoaram as técnicas da pesca.

Foi com os índios que os portugueses aprenderam, além da arte de pescar, a preparar e a comer o peixe com farinha de mandioca. Salete Maria Pinheiro Pereira, mestra da Cultura Tradicional de Bombinhas na categoria gastronomia típica, relata que não havia trigo naquela época, somente mandioca.

“Eles [os portugueses] aprenderam a comer beijú, farinha de mandioca, a pescar e a fazer canoas com os índios. Eles não sabiam pescar, apesar de também morarem em praias em Portugal, eram praias com pedras e não tinha como descer canoas, então pescavam só baleias’, afirma.

Em 1949 os pescadores relatam que foi o ano mágico na pesca da tainha, o “ano da pesca rica”. Cerca de 28 mil peixes foram capturados somente em uma praia naquela ocasião.

A Tainha

De maio a julho, cardumes de tainha invadem o litoral catarinense e se tornam os alvos preferidos dos pescadores. Eles saem da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, e vão até o litoral carioca em busca de águas quentes para desovar. No inverno é quando esses peixes se reproduzem, e cerca de 70% são capturados no litoral catarinense.

A tainha faz parte da família dos mugilídeos, a qual engloba 80 espécies e 17 gêneros, e se alimenta de algas, vermes e alguns resíduos. Vive principalmente em lugares de clima temperado e tropical e em águas doces. Costões rochosos, manguezais e praias são os locais escolhidos para habitar.

Durante a pesca, os pescadores ficam na praia, com tudo preparado para o momento em que o cardume chegar. Quando elas chegam, o cerco é feito e o trabalho passa a ser puxar a rede com os peixes para a praia. Após o cerco, os peixes são divididos entre as famílias, moradores, ajudantes e visitantes.

Celso Djalma Mafra é um dos patrões, ou seja, é a pessoa responsável por coordenar a remada da canoa de um pau só na hora da pesca. “A Pesca da Tainha é tudo. Não tem um nativo que não goste. A única hora que os nativos se encontram na praia é durante a pesca”, diz Celso.

Pesca da Tainha na Praia da Conceição, em Bombinhas. Foto/ divulgação: Férias Brasil.

O documentário “Antes do Inverno, desenvolvido pela Fundação Municipal de Cultura de Bombinhas, relata o dia a dia e a rotina da comunidade pesqueira através de um olhar poético e sensível. A produção é da Tramela Produções.

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