Equipe de E-sports inova com estrutura em Brusque

Havan Liberty busca apoio local e tem paciência como aliada à ascensão
A Havan Liberty é uma equipe de E-sports (esportes eletrônicos) que carrega o nome de uma marca expressiva no estado de Santa Catarina e ambições jamais vistas por times da modalidade. O time catarinense chegou no cenário de League of Legends (LOL) com grande estrutura e investimento nas suas categorias de base. Fundada em 2018, a organização tem em sua sede uma exclusividade, foge de São Paulo – onde são disputadas todas as competições oficiais da Riot Games, produtora do LOL, em nível nacional – e aposta em Brusque para seu local de treino e desenvolvimento de jogadores.
Colocando em prática um plano parecido com o de seu patrocinador master, a Havan, os filhos de Luciano Hang seguem os passos do pai no objetivo de desenvolver a região. Lucas, Matheus e Leonardo Hang, juntamente com Samuel Walendowsky, desenvolveram o projeto e têm como objetivo tornar Brusque um polo do E-sports, tornando-se referência em toda a América Latina.
A estrutura da Gaming Office, local onde os jogadores vão para treinar, é hoje a maior do Brasil e está com projetos de ampliação. Questionado sobre o motivo de manter essa estrutura, ao invés de fornecer uma Gaming House, onde os jogadores poderiam dormir e se alojar, Samuel Walendowsky, CEO e sócio-fundador, explicou que o Office mantém um ambiente mais profissional e como contam com 10 jogadores, além de comissão técnica, equipe de marketing e administrativa, seria uma grande bagunça esse pessoal todo junto.

Walendowsky também deixou claro que o projeto não tem data de validade. “Temos um planejamento ambicioso mas de longo prazo, estamos investindo na formação de novos jogadores e apostando em promessas do cenário. Resultados também não vão nos derrubar, obviamente esperamos pelo melhor, porém temos sempre planos de A a Z”.
Apesar da Havan ser o maior patrocinador da equipe, não é o único. A equipe conta com um grande grupo de apoiadores. O manager da equipe, Marcelo Valle Orthmann, ressaltou a importância desse apoio. “Nenhum projeto de E-sports consegue ser auto sustentável hoje no Brasil, somos completamente dependentes dessas empresas para nos mantermos na ativa, não temos como viver apenas de premiações”, comentou Marcelo. Como forma de representar o valor dado para este incentivo, a equipe estampa os patrocinadores em seu uniforme e no hall de entrada do Office.
Camisa da equipe Havan Liberty (Foto: Rômulo Castro) Hall de patrocinadores da equipe (Foto: Rômulo Castro)
O jogador Matheus “Sarkis” Guimarães, Ad Carry (atirador) pela HL, deixou clara a falta de estrutura de Brusque comparada a São Paulo. “É estranho estar aqui, eu sinto muita falta das facilidades de São Paulo e de estar mais próximo do ambiente competitivo de lá”, disse o jogador. Apesar disso, ele elogiou a organização que não deixa faltar nada e entrega a motivação e estrutura, que falta na cidade, para dentro dos treinos. Como ponto positivo, destacou o menor custo de vida da cidade catarinense.
Na busca de melhores resultados, o coach Gabriel Garcia Negreiros foi contratado. Bicampeão nacional em 2018, ele vem para adicionar ainda mais conhecimento e experiência ao projeto. O treinador reforçou a solidez do planejamento para aceitar a proposta. “A Havan tem um projeto diferenciado, recusei propostas dos melhores times brasileiros para estar aqui. O fato de termos o time principal e o academy treinando juntos é muito proveitoso. A melhor parte é que eu não tenho 2 times distintos para comandar separadamente, eu tenho 10 jogadores e quem estiver melhor irá jogar”.
Além da parte técnica, Gabriel ressalta a importância que ele tem na vida dos garotos, que muitas vezes saem novos de casa em busca de um sonho. “Se eu pegar um garoto aos 18 anos e devolver para sua casa com 25, não importa quantos nacionais ele ganhou, se eu não tiver feito ele evoluir como pessoa, eu falhei”, afirma o treinador.
Caso a Havan Liberty consiga uma vaga para a elite do League of Legends brasileiro, ela teria jogos semanalmente em estúdio da Riot, em São Paulo. Mesmo com esse obstáculo em estar longe da capital paulista, o CEO da empresa afirma que poderiam até ter uma sede secundária em SP, pois o custo de viagem semanal seria insustentável, mas em hipótese alguma abandonaria o Office em Brusque, seria apenas uma expansão e não uma mudança. A proposta é abrir as portas para a comunidade, formar uma torcida local, incentivar o desenvolvimento da prática no Sul do país como um todo e servir de modelo para outras iniciativas.

Juliana Hochsprung, analista de marketing da Liberty, falou um pouco mais sobre essa interação com a comunidade. “Muitas vezes, as pessoas batem aqui perguntando sobre do que se trata o local, alguns confundem com uma lan house ou algum local para virem jogar. Mas o objetivo é esse, é interagir com eles, é produzir campeonatos regionais, nos apresentar para a cidade da melhor forma possível”, afirma a analista.
A equipe de Brusque teve sua estreia oficial no segundo semestre de 2018 quando participaram do Circuito Desafiante, espécie de série B do LOL brasileiro, e não conseguiram o acesso à elite. “Nesse split vamos para atropelar todo mundo”, exclamou Sarkis que mostrou confiança para essa nova etapa. Os jogos do segundo semestre começam no primeiro dia de junho.