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A alegoria da caverna de Platão é usada constantemente como metáfora em aulas de filosofia, com o intuito de nos fazer questionar a realidade em que vivemos. Ao longo da nossa vida, realmente somos capazes de analisar, como seres racionais, que o mundo que nos é apresentado nem sempre é a luz. Descobrimos que, às vezes, ele é sombra e a realidade que pensamos existir não passa de uma cópia de uma cópia, usada para nos distrair.

No século XIX, o jornalismo tinha o objetivo de fornecer a verdade e não propaganda. A soberania do povo e a imprensa eram inseparáveis. Muitos ainda acreditam que a mídia continua com o mesmo pensamento, mas deve-se esclarecer que, na verdade, veio a se tornar uma produção de capital e pode usar as informações tanto para construir pensamentos quanto para destruí-los. Quem tem poder para difundir notícias tem poder para manter segredos e difundir silêncios.

No Brasil, vivemos em uma democracia – que ironicamente ou não, foi criada na Grécia Antiga, no berço da civilização, mas mesmo nela, nem todos podiam usufruí-la. E que democracia é total, se nem todos tem o prazer de utilizá-la? – digo ironia, pois hoje acreditamos fielmente que lutamos pela verdade, lutamos pela liberdade de expressão… Mas até que ponto? Um dos maiores exemplos usados para ilustrar o termo democracia nos dias atuais é o voto. Mas, se repararmos com cuidado na influência das mídias e dos meios de comunicação só nesse quesito, podemos ter uma dimensão do problema que vivemos. Nós estamos sempre com um pé na sombra da caverna e, para piorar tudo, não sabemos disso.

Isso também funciona com a tecnologia: quando acreditamos que podemos controlá-la, a realidade das novas diretrizes nos surpreende. Câmeras, celulares e televisores nos cercam e nos monitoram por todos os ângulos, como mencionado pelo filósofo Michel Foucault: “A partir do momento que os telespectadores ligam seus receptores, são eles mesmos prisioneiros ou não, que entram no campo da televisão, um campo sobre o qual eles não têm qualquer poder de intervenção”.

O livro 1984, de George Orwell, mostra a vida de pessoas que vivem em uma sociedade regida pelo “Big Brother”, que exerce um controle um tanto quanto diferente, e mil vezes mais eficaz que qualquer regime totalitário. Ele controla ideias através da Polícia do Pensamento. Se um cidadão sequer pensa contra seu governo, é capturado e some misteriosamente. No texto “Máquinas de Vigiar”, de Arlindo Machado, vemos uma alusão a essa ideia quando é citado o fato da audiência televisual ser realizada por um aparelho instalado dentro do próprio televisor e conectado com a central de estatísticas através de um cabo telefônico. Esse aparelho registra o canal sintonizado e o tempo de sintonia, mas também, se o telespectador está presente diante da tela.

As ferramentas usadas para influenciar, monitorar e perseguir também podem ser usadas para criar e distribuir a verdade, sempre há dois lados da moeda, mas o poder está nas mãos das pessoas, quem o tem consegue manipular a massa e expandir seus ideais.

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