Em tempos de coronavírus, tema ganha holofotes no período eleitoral. Itajaí, Brusque e Balneário Camboriú foram os municípios analisados
Não é à toa que a campanha eleitoral de 2020 é diferente em comparação aos anos anteriores. Desta vez, os comícios deram espaço para as redes sociais tomarem conta dos discursos e das divulgações das propostas dos candidatos às prefeituras municipais. Por conta do combate à pandemia, pessoas que eram “pouco vistas” ganharam espaço na mídia, como médicos e outras autoridades políticas que administram a área da saúde. Mas, e os candidatos a prefeito? Quais as propostas para este setor? Neste momento de dificuldade que o mundo vive, protagonizado pela crise do coronavírus, os holofotes estão apontados para a saúde. Três cidades catarinenses foram analisadas: Itajaí, Brusque e Balneário Camboriú. Entre si, os candidatos possuem propostas semelhantes para o setor.
Mas antes, é necessário conhecer quem são os postulantes às prefeituras municipais. Começando por Itajaí, que possui cinco nomes na disputa pelo Executivo. João Vecchi é o representante do Partido dos Trabalhadores. Volnei Morastoni conta com experiência de oito anos de mandato na bagagem para tentar se reeleger. Ele, já foi filiado ao PT e hoje concorre pelo MDB. Nomes como Oswaldo Mafra (Solidariedade) e Patrick Dauer (Avante) também estão na disputa. O PSDB aposta no vereador Robinson Coelho emplacar o primeiro prefeito tucano de Itajaí.
Do outro lado da rodovia Antônio Heil, está Brusque. O município de 140 mil habitantes conta com seis candidatos. Ari Vequi (MDB), atual vice-prefeito, é o sucessor do prefeito Jonas Paegle (DC) na busca pela continuidade dos trabalhos exercidos pela atual gestão. Vivendo um período de incertezas quanto a homologação de sua candidatura por conta dos processos que possui com o tribunal de contas, está o ex-prefeito Ciro Roza, desta vez, do Podemos. Completando o grupo de ex-prefeitos, Paulo Eccel (PT), que teve o mandato cassado em 2015. O processo foi visto, à época, como irregular pelo ministro do Supremo Tribunal Federal – STF, Ricardo Lewandoswky, que absolveu o petista. Paulo concorre à prefeitura pela terceira vez. O vereador Paulinho Sestrem (Republicanos), o policial militar da reserva Coronel Gomes (PL) e o ex-vereador Professor Guilherme (Patriota) fecham a lista em Brusque.
Em Balneário Camboriú, considerado o point turístico de Santa Catarina, o cenário também é parecido. O município do litoral catarinense possui, assim como Brusque, seis candidatos. O ex-prefeito Edson Piriquito (MDB) tem a pretensão de retomar o cargo. O atual prefeito Fabrício Oliveira, hoje no Podemos, é outro nome que buscará novamente a vitória na eleição. Tentando o seu lugar no sol, vem Auri Pavoni com objetivo de colocar o PSDB novamente à frente da prefeitura após 12 anos do fim do mandato dos tucanos na cidade. Defendendo as ideologias liberais de redução do poder do Estado, Ney Clivati representa o partido Novo. Por fim, Giovan Nardelli (Solidariedade) e Pedro Luiz (PRTB) fecham a lista de prefeituráveis em Balneário Camboriú.
Em relação às propostas para a saúde, uma palavra parece sustentar as propostas dos candidatos a prefeito de Itajaí: “renovação”. O meio tecnológico é destaque, conforme aparece de forma detalhada no plano de governo do candidato Oswaldo Mafra. Com o programa “Itajaí Digital”, o postulante do Solidariedade sugere agilizar o sistema de atendimento, utilizando as novas tecnologias à favor da população. Assim como Oswaldo, o candidato Patrick Dauer também sugere em sua lista de propostas maior agilidade na oferta dos atendimentos para a saúde pública. O prefeiturável que concorre pelo Avante propõe também o fortalecimento dos conselhos e conferências de saúde, incentivando amplo debate sobre o assunto. Esta última proposta é semelhante com a de João Vecchi, que, assim como Dauer, pretende incentivar a gestão participativa, formando conselhos e conferências para o setor.
O candidato Robinson Coelho foca suas propostas para a saúde voltando-se ao Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é priorizar a gestão, além de incentivar a ampliação de investimentos para a saúde. Agindo de maneira um pouco mais específica, Volnei Morastoni, candidato à reeleição, escreve sobre a Covid-19 em seu plano de governo. O emedebista diz que a administração continuará investindo em medidas não farmacológicas enquanto ainda não se tem a cura definitiva. Recentemente, Morastoni causou polêmica nas redes sociais quando informou em uma live que o município passaria a utilizar ozonioterapia por via retal no tratamento para a doença.
Em Brusque, as propostas para a área da saúde são semelhantes quando se trata do fortalecimento das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Além de melhorar a política de acesso ao serviço, o candidato Ari Vequi tem como proposta a ampliação do sistema, bem como a universalização no atendimento do SUS de Brusque. Outra questão que é possível de se observar é a valorização e a promoção nos serviços de saúde de alta complexidade, muitos em parceria com o Hospital Azambuja. O candidato Ciro Roza, por exemplo, sugere trazer o tratamento de quimioterapia para o município.
Visando também a melhora no sistema de atendimento, Coronel Gomes propõe revitalizar por meio da tecnologia. Segundo o plano de governo do liberal, a proposta é agendar atendimentos via aplicativos especiais. No objetivo de suprir com mais facilidade as demandas administrativas da saúde. Ele incentiva também programas que levem medicina básica para as residências de pessoas mais debilitadas, seja em termos de idade ou, até mesmo, financeiramente.
Os candidatos Paulinho Sestrem e Paulo Eccel pretendem retomar com a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas. O prédio já está construído há anos e é localizado em frente à Unifebe. Porém, nunca chegou a estar em funcionamento. Sem detalhar a área, Professor Guilherme também é favorável à ampliação do sistema de saúde em Brusque. Com o crescimento dos loteamentos no município, as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) ficaram superlotadas nos últimos tempos, forçando o poder público a inaugurar mais unidades.
Em Balneário Camboriú, os candidatos da cidade do litoral possuem propostas ligadas ao Hospital Ruth Cardoso. O candidato Auri Pavoni escreve em seu plano de governo que o maior problema do pronto socorro do hospital é a falta de gerenciamento, bem como a situação precária que apresentam alguns aparelhos. O tomógrafo, por exemplo, esteve quebrado mesmo em meio à época em que o município passava pela primeira onda da pandemia da Covid-19, conforme cita o candidato no plano de governo.
O candidato Edson Piriquito pretende regionalizar o hospital, que recebe diversos pacientes, tanto de Balneário Camboriú, quanto da região, sendo um hospital de referência. Já Fabrício Oliveira possui outras pretensões. Uma delas é a ampliação das UBSs de Balneário Camboriú, além da construção da nova UPA da Barra, que seguirá padrões exigidos pela Anvisa, conforme propõe o candidato. Seguindo uma ideia semelhante com a de Fabrício, o candidato Ney Clivati pretende aprimorar o acesso à saúde pública municipal, além de incentivar parcerias entre a rede pública e a rede privada.
O candidato Giovan Nardelli volta a citar o Hospital Ruth Cardoso. Em seu plano de governo para a área da saúde, ele escreve: “100% Saúde Pública”. Diz também que nada mais justo do que a prefeitura investir em equipamentos mais modernos para o hospital. Por fim, assim como Ney Clivati, o candidato Pedro Luiz incentiva a formação das PPP (parcerias público-privadas) na gestão da saúde municipal.
Propostas semelhantes são observadas nos três municípios analisados. Todos possuem problemas e demandas distintas. Porém, o objetivo central dos postulantes ao Executivo é único: promover o incentivo à saúde pública de qualidade, seja revitalizando o sistema atual ou criando novos modelos.