Quase nove em cada dez brasileiro acreditam em Deus, segundo a pesquisa Global Religion 2023, feita pelo instituto Ipsos. O índice no país chega em 89%, no topo do ranking de 26 países, com base na plataforma online de monitoramento que coleta informações sobre o comportamento destas populações em relação à espiritualidade.
De acordo com a pesquisa, o Brasil está empatado com a África do Sul, ambos com uma porcentagem de 89%. Os dados foram coletados entre 20 de janeiro e 3 de fevereiro, com um total de 19.731 entrevistados, sendo aproximadamente mil deles no Brasil. Segundo o Global Religion 2023, 70% dos brasileiros afirmaram acreditar em Deus conforme descrito em escrituras religiosas, como a Bíblia, o Alcorão, a Torá, entre outros.
Além disso, 19% declararam acreditar em uma força superior, mas não na concepção de Deus presente nos textos religiosos. Aproximadamente 5% dos brasileiros afirmaram não acreditar em Deus ou em qualquer poder superior, enquanto 4% manifestaram incerteza e cerca de 2% optaram por não responder.
Espiritualidade x religiosidade
A crença em Deus não necessariamente implica em ser religioso, e essa realidade é evidente no contexto brasileiro. Embora 89% dos entrevistados no país afirmam acreditar em Deus ou em uma força superior, apenas 76% declaram seguir uma religião. Com Sabrina Sestrem (22), a situação se repete. Recebendo uma criação católica e crescendo nos costumes da religião, ela só teve conflitos com a própria espiritualidade no fim da adolescência.
Hoje, a social media carrega os aprendizados e crenças dessa época, como as orações que conhece e o hábito de agradecer. “Me caracterizo como uma pessoa que tem espiritualidade e que acredita em um Deus bondoso e que está interligado a tudo, mais como uma força. Até o momento, não me encaixo por inteira em uma religião definida”, afirma Sabrina.
Religiosidade fervorosa
Dos brasileiros religiosos, 70% se identificam como cristãos (católicos, evangélicos e outras denominações), enquanto 6% são filiados a outras religiões. De acordo com os dados do Ipsos, é possível observar uma menor adesão religiosa entre os jovens da geração Z (até 23 anos) e o restante da população adulta.
Sarah Bastos (21) não tem dúvidas que irá permanecer com a “fé intacta” até que Jesus volte. Mesmo não nascendo em família cristã, Sarah conheceu a Deus com sete anos, em um culto da igreja evangélica direcionado para crianças. Catorze anos depois, ela permanece em relacionamento diário com Deus, construindo hábitos e uma rotina que favorece seu contato espiritual. “Eu conheci Jesus no meu quarto, no íntimo com Ele. Meu relacionamento com Deus vai além das quatro paredes da igreja, eu creio que a fé sustenta muitas pessoas durante muito tempo, sabe?”. A jovem conta que, aliada à terapia, sua fé a manteve “de pé” em momentos de sofrimento. “Eu passei por vários problemas emocionais e a minha única saída foi Jesus, junto ao meu psicólogo, que foi essencial”, relata. Na pesquisa do Ipsos 90% responderam que acreditar em Deus ou forças superiores ajuda a superar crises, como doenças, conflitos e desastres.
Ateísmo
Por outro lado, 22% afirmam não ter uma religião, sendo 16% ateus e 6% agnósticos. O videomaker Leandro Hang (23) relata que, mesmo sendo criado em uma família majoritariamente católica praticante e ensinado a agradecer a Deus, conforme foi conhecendo mais da religião, menos a crença fazia sentido para si. “Percebi que Deus não era algo lógico, eu não sentia ele como certas pessoas sentiam. Não gostava de ir à igreja, não tinha o costume de rezar e nem agradecer, era algo totalmente vazio”, explica.
Segundo Leandro, estudos em outras áreas, como filosofia, o fizeram entender que Deus “pode ser qualquer coisa”. “Para mim, faz muito mais sentido eu me colocar na linha de frente, ter a responsabilidade de lidar com a vida e não esperar por milagres”, conclui.
As fontes desta reportagem foram obtidas a partir de uma pesquisa amostral. Acesse os resultados na íntegra!
Nos acompanhe também no Twitter e no Instagram. Leia mais em: Jornal Cobaia
