Bombinhas recebe palestra sobre plantas bioativas e espécies nativas da região

Calcula-se que existam 70 mil espécies de plantas bioativas no planeta, mas somente 3 mil são comercializadas
A importância das plantas para a saúde e como fonte de qualidade de vida foi o tema da palestra com o mestre engenheiro agrônomo Antônio Amaury Júnior. O evento aconteceu na última sexta-feira, 17, no auditório da Escola Estadual Maria Rita Flor. A palestra foi promovida pela Prefeitura de Bombinhas através da Secretaria Municipal de Saúde e da Fundação de Amparo ao Meio Ambiente – FAMAB.
Aproximadamente 150 pessoas participaram do encontro, que contou com entrada franca. O público teve a oportunidade de levar uma amostra da espécie que tivesse interesse em saber o nome, os benefícios e as formas de consumo e aplicações.
Daniel Garcia tem 25 anos e há 18 mora em Bombinhas. Ele conta que o hábito de usar plantas no dia a dia vem de família. “A minha avó costumava fazer muitos chás. Eu tenho um canteirinho em casa com algumas plantas, como hortelã e alecrim, e uso na alimentação e no preparo de chás também”.
Ele falou que tem interesse em conhecer mais sobre as propriedades das plantas, e que o fácil acesso a pesquisas possibilitou saber sobre qualquer espécie. “Todas as plantas que professor Antônio Amaury falou despertaram muita curiosidade”, afirma Daniel.

Plantas Bioativas
As plantas bioativas são capazes de produzir substâncias que interferem no funcionamento dos seres vivos. Elas incluem plantas com propriedades medicinais, aromáticas, condimentares, nutracêuticas, tóxicas, além de insumos para agricultura ecológica.
Pesquisas sobre essas plantas ganharam força após a criação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, em 2006. O objetivo do programa é garantir o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, além do desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional.
Antônio Amaury Júnior é mestre em Nutrição Vegetal e especialista em Plantas Funcionais Bioativas. Foi um dos responsáveis pela implementação do termo Plantas Bioativas no país, tendo escrito 6 livros, além de centenas de publicações científicas na área da botânica bioativa.
Antônio Amaury explica que os estudos sobre as propriedades das plantas iniciaram no século XX. “Eles validaram o conhecimento popular, que é tão antigo quanto a história da humanidade, e também serviram de alerta para a população, já que algumas substâncias são tão fortes que podem levar à toxidez”, afirma.
O engenheiro comenta que em Bombinhas as espécies europeias, como alcachofra, unha-de-gato e garra-do-diabo, não são ideais para cultivo, pois a baixa altitude e as altas temperaturas do município podem alterar os princípios ativos da planta.
“O grande potencial da cidade é para as espécies nativas, como a aroeira e a erva-baleeira, que poderiam ser aproveitadas para a saúde pública. Outras espécies de clima tropical também podem ser cultivadas, como plantago, babosa e espinheira-santa”.

(Foto: Samuel Palandi)
Segundo dados do Ministério da Saúde, há no país 2.160 Unidades Básicas de Saúde que fornecem fitoterápicos ou plantas medicinais. Além disso, a fitoterapia é praticada por 1.457 equipes de saúde, que foi instituída pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. O Sistema Único de Saúde oferece à população doze medicamentos fitoterápicos, como os que constam na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename).

Fonte: Ministério da Saúde
A diretora de saúde e coordenadora do Nasf – AB, Núcleo Ampliado de Saúde da Família, Ana Cláudia da Silveira Pinheiro, falou que nos últimos anos o Ministério da Saúde fortaleceu a área dos fitoterápicos, e no SUS já se pode ver essas técnicas sendo aplicadas. “A comunidade de Bombinhas tem muita abertura para o uso de fitoterápicos, devido também ao conhecimento popular que foi passado de geração em geração, disse.
Ana falou da importância de realizar eventos como esse. “Pois é uma forma de resgate da tradição popular, e ao mesmo tempo, transforma esse conhecimento em científico”, concluiu ela.