Os livros onlines passaram a ter mais espaço depois que se tornaram um meio de fácil acesso aos livros. Contudo, por mais prático que seja, a forma impressa dos livros possuem um lugar especial no coração dos leitores.
A certeza é de que Dante Alighieri, Charles Dickens e Edgar Allan Poe jamais imaginaram que seus livros estariam dispostos nas mais diversas estantes virtuais, em forma de e-book, PDF ou ePUB. Por mais que haja inúmeras formas de ler esses clássicos, que não seja através do livro impresso, nada tira o charme de sentir o livro nas mãos. Em um estudo realizado pelo Pew Research Center, um laboratório de ideias responsável por pesquisas de tendências, foi revelado, em 2019, que a preferência dos leitores é pelos impressos. Dentre os norte-americanos entrevistados, 38% leem apenas livros físicos.
Mesmo com o “boom” dos livros digitais, as vendas dos impressos continuam em crescimento. Em 2020 a Europa registrou aumento de 34 milhões de libras em venda de livros físicos. Segundo o presidente da rede de livrarias Leitura de Belo Horizonte – MG, Marcus Teles, o impresso traz melhor satisfação no ato de ler. Marcus ainda faz uma interessante comparação entre o cinema e o livro. “Quando surgiu a televisão decretaram o fim do cinema, quando surgiu o videocassete a mesma coisa, mas nada substitui a experiência do cinema. O mesmo acontece com o livro”, disse Teles.
Por mais que o homem tenha criado inúmeras formas de entretenimento, essa o livro não perdeu seu espaço. Bruno Dorigatti, da editora Darkside, conta que os impressos duram e vão durar por um bom tempo, principalmente por ser uma tecnologia sem necessidade de aperfeiçoamento. “Um livro bem conservado dura, literalmente, por séculos, como é o caso do primeiro livro impresso. Livro não precisa de energia elétrica para funcionar”, contou o chamado Primo IT da editora Darkside. Bruno conta ainda que o livro nunca perdeu seu espaço, o que aconteceu foi que outras formas de entretenimento surgiram.
Facilitar o acesso
Os livros possuem um importante papel na formação da sociedade. Os impressos, segundo a professora especialista em Letras Cleide Jussara Muller Pareja, trazem uma forte tradição cultural. Segundo ela, há espaço no mundo tanto para os livros onlines quanto os físicos e que a coexistência de ambos é a melhor solução. A nova maneira tecnológica de se ler é uma forma de facilitar aos leitores o acesso à informação, contudo, há aqueles que não se adaptam ao novo meio. “Assim que o Kindle foi lançado eu o adquiri, mas logo percebi que não gostei de ler no formato digital. Abandonei”, declarou Pareja.
“É um fragmento de memória, onde posso reviver outra vez aquela experiência tão boa”
Como leitor, Vitor Alexandre prefere ter o livro em mãos. para o estudante de Letras cada novo livro na estante é como um troféu. “É um fragmento de memória, onde posso reviver outra vez aquela experiência tão boa”, declarou Vitor. Por mais que o jovem já tenha lido e-books, o impresso ainda é o seu “queridinho”, e não é só ele que se sente assim. Déborah Amorim pensa de forma parecida a Vitor. segundo a leitora, a sensação do livro nas mãos não pode ser substituída por nenhum e-book.
A experiência única trazida pelos impressos não serve apenas para leitores, mas também para os escritores, que criam um mundo para seus fãs e acompanham sua escrita sair de uma plataforma online e virar algo físico. Amanda Ághata Costa, escritora de A Escolhida e Nunca Olhe para Dentro, concretizou um sonho: ver algo criado por suas mãos sair das telas e ganhar uma forma tão almejada. A escritora diz que o e-book traz sim um sentimento de realização, mas não é o ápice. “A impressão da obra faz com que você se sinta mais como um escritor deveria se sentir, porque se torna palpável, tem cheiro e textura”, relatou Amanda de sua realização. Adair de Aguiar Nietzel, professora no curso de Letras da Univali com pós-doutorado em leitura, acredita que os livros não serão nunca sobrepujados pela sua forma online. Para Adair, os e-books não trazem a sensação de pertencimento. A professora afirma que ter o livro é diferente de lê-lo, pois, o impresso é um objeto estético que pode ser apreciado. “As editoras já descobriram esse fetiche que desenvolvemos pelo impresso e estão cada vez mais imprimindo livros extremamente saborosos, bem cuidados, com capas bonitas e bons papéis”, expressou a professora, relatando seu vínculo com os livros.