Animais podem ser terapeutas e ajudar em tratamentos

Os pets são indicados para auxiliar pacientes a vencer problemas emocionais ou físicos
Os animais são companheiros de vida dos humanos desde a pré-história. Não é preciso ter um bichinho em casa para compreender o bem que eles podem trazer para nós. Ao nosso lado, na alegria ou na tristeza e também na saúde ou na doença, os pets podem colaborar para a recuperação de pacientes dos mais variados tipos clínicos.
Hoje em dia, é possível encontrar diversas terapias envolvendo animais. Uma delas é a Terapia Assistida por Animais (TAA), um método terapêutico que utiliza pets como auxílio na melhora de sintomas e expressão de sentimentos. O psiquiatra Mário João Bisi Júnior, 53, trabalha com TAA em Balneário Camboriú. Ele tem a ajuda de uma Golden Retriever chamada Marfim, que trabalha com ele há 6 anos.
O objetivo dos animais é romper possíveis barreiras entre terapeuta e paciente, principalmente crianças. “O animal não cobra, não critica e não julga. Isto ajuda a pessoa sentir-se mais confortável e confiante a se abrir”, comenta Mário.
Os bichinhos podem estimular empatia, aceitação e confiança. Além de incentivar o contato social e favorecer ânimos positivos, auxiliando na superação da depressão. Eles também podem ajudar a focalizar a atenção de pessoas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e acalmar os pacientes com autismo.
Além da Marfim, o doutor também tem dois vira-latas, Yoshi e Melanie, e um Pastor Belga preto, chamado Wolfy. Os “colegas de trabalho” foram, gradativamente, tornando-se de estimação e, hoje, Mário mora com todos os seus peludos, como gosta de chamar.
“Acredito que todos os animais que provoquem reações afetivas positivas podem ser usados na terapia, desde que tenham o treinamento adequado. Atualmente, estou estudando a possibilidade de usar meu porco espinho como terapeuta”, comenta o psiquiatra.
Para o doutor, é gratificante ver os resultados obtidos. São muitas histórias interessantes e vários pacientes já chegam no consultório perguntando pela Marfim. “Sempre digo que não escolhi, fui escolhido”, comenta Mário sobre trabalhar com TAA.

Outro método terapêutico é a equoterapia, terapia que utiliza cavalos para estimular o desenvolvimento da mente e do corpo. Ela complementa os tratamentos da fisioterapia, psicologia e fonoaudiologia em pacientes com síndrome de Down, paralisia cerebral, derrame, hiperatividade, autismo ou com dificuldades de concentração e locomoção.
A psicóloga Sandra Regina Schultz, 55, que trabalhou 4 anos com equoterapia no Centro Hípico Sapucaí, MG, comenta que através do movimento tridimensional e multidirecional do cavalo é possível mandar estímulos ao praticante para a conquista do equilíbrio, relaxamento e coordenação.

O cavalo, apesar do seu grande porte, pode ser muito sensível. O animal entende o respeito e carinho com o outro, a ponto de protegê-lo dos perigos ou, até mesmo, rejeitá-lo. “Tanto para os profissionais quanto para os praticantes, essa é uma técnica terapêutica permeada de emoções, principalmente, alegria nos momentos de superação”, comenta a psicóloga.
Sandra conta a história do paciente Nilton Moraes dos Santos Júnior, que, antes de praticar equoterapia, era apático e mantinha distância emocional dos terapeutas. Nilton também não se locomovia sozinho, era preciso carregá-lo para os lugares. Aos poucos, o praticante mudou a atitude e deixou a equipe se aproximar dele, interagindo com as brincadeiras e demonstrando interesse. A maior evolução de Nilton, depois da terapia, foi a conquista de postura bípede, hoje locomovendo-se sozinho. “Ver toda essa superação não tem explicação”, conclui Sandra.