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A visão sobre o Dia das Bruxas pela perspectiva das religiões e seus seguidores

O Halloween possui diversas interpretações e significados e algumas pessoas acreditam que a comemoração desvirtua a fé

Popularizado pela cultura norte-americana, o Dia das Bruxas é comemorado em 31 de outubro. Fantasias, brincadeiras e doces servem como divertimento para os que apreciam a celebração. Porém, sua relevância e significado variam conforme a religião de cada pessoa. Miscigenado cultural e etnicamente, o Brasil possui influência de inúmeras religiões. A diversidade de devoções ocasiona discussões quanto às festas e feriados de cunho religioso. Como no caso do Dia das Bruxas, que mesmo sendo apenas uma celebração não oficial, atrai opiniões contrárias.

Um dos feriados mais celebrados nos Estados Unidos é o Halloween, ou como conhecido no Brasil, o Dia das Bruxas. Essa celebração, que permite espaço para várias interpretações, surgiu com os celtas, em um festival pagão chamado Samhain, que celebrava a abundância de comida após as colheitas. Entretanto, a história não possui evidências e datas concretas, principalmente em detrimento das diferentes culturas que interpretavam a celebração. No decorrer dos anos, a festa pagã uniu-se ao Dia de Todos os Santos – celebração cristã – e juntas formaram o que hoje chamam de Halloween.

Para Julia Estela Stocco, 23, o Dia das Bruxas não altera sua fé. Porém, ela acredita que a celebração de vários deuses e bruxas não condiz com os ensinamentos da igreja Cristã Evangélica. Julia costumava brincar de doces ou travessuras quando criança, mas a mãe sempre deixou claro sobre o que significava e pedia que não cultuasse nada daquele dia.

Ao frequentar o culto no dia 31 de outubro, além de celebrar o Dia do Evangelho, Stocco e os outros membros da igreja realizam círculos de oração. Segundo ela, estes são capazes de quebrar maldições. “Ao mesmo tempo que têm crianças pedindo doce na rua em forma de brincadeira e tal, tem pessoas fazendo atos que, né, são ‘trabalhos’, que desagradam o coração de Deus.”

Na experiência de Jorge Ricardo Verzi Silva, de 64 anos, com o espiritismo, não existe nada contra a celebração. De acordo com ele, qualquer atividade religiosa ou cultural é válida, desde que não invoque espíritos de baixa vibração.

Para a Umbanda, religião da jovem de 18 anos Ana Laura Slaviero Dal Piva, o Halloween não é algo tão relevante ou que tenha algum tipo de relação. Outros entrevistados que seguem a religião preferiram não se identificar, mas comentaram que o assunto não era levado em consideração, pois não passava de crença.

“Só devemos aceitar quando essas manifestações contribuam para o crescimento espiritual da humanidade, apenas isso que nos importa.” – Jorge Ricardo.

O pastor da Comunidade Evangélica Luterana da Renovação, de Vacaria, José Erone Rodrigues Soares, de 60 anos, comenta que nunca participou e nem participaria do Halloween. José explica que a celebração fere os princípios fundamentais de sua fé, além de não passar de uma tradição que não acredita, afinal “deve-se seguir apenas a bíblia”.

Na opinião do pastor, essa celebração interfere diretamente na sociedade, já que é uma tradição idólatra aos mortos. “A maioria das crenças verdadeiras não acreditam na relação dos mortos com os vivos, e isso interfere na sociedade, pois é uma crença que vai contra a palavra de Deus”.

“As pessoas não entendem o sentido espiritual dessa tradição religiosa, que cultua os mortos, e não sabem a seriedade que está por trás disso. Da influência espiritual em suas vidas e que mais tarde trará consequências às suas vidas.” – José Erone Rodrigues Soares

A influência do Halloween na religião é um assunto debatido, também, por Ângela Maria Daltoé. Ela acredita, a partir do Catolicismo, que as pessoas que não possuem fé consistente, e que tenham predisposição ao mal, podem se desvincular com facilidade da religião.  

Ângela cita exemplos na família. Relata como a experiência do parente começou como uma brincadeira quando criança e evoluiu para um interesse sobre o tema. “Se identificou, iniciou com práticas de bruxaria e se distanciou das coisas de Deus. Seu Deus, seu ídolo, passou a ser ‘bruxas’”.

O que Jorge, Ana, Julia e Ângela também acreditam é que a maioria das pessoas busca o entretenimento do Halloween, sem saber o real significado e origem e se importando apenas com a diversão proporcionada por esse.

Dia das Bruxas ou Dia do Saci?

Em 2003, o deputado federal Chico Alencar (PSOL- RJ) e a vereadora de São José dos Campos Ângela Guadagnin (PT-SP) propuseram a criação do Dia do Saci. O projeto de lei federal nº 2.762 tem o intuito de agregar o folclore brasileiro ao nosso calendário e cotidiano. O dia sugerido foi 31 de outubro. O intuito é contrapor o famoso feriado norte-americano, Halloween, com elementos característicos da cultura brasileira.

Em resumo, esse dia possui diversas comemorações, com diferentes linhas de pensamento, que podem ser celebradas ou não, conforme cada indivíduo.

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