A vida na área rural de Itajaí

Mesmo com 85% da população brasileira vivendo nas cidades, ainda há quem procure a tranquilidade da vida no campo

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, na década de 60, cerca de 54% dos brasileiros viviam no campo. Após o êxodo rural, a busca pela vida nas cidades se intensificou com o surgimento de indústrias, desenvolvimento das metrópoles e oportunidades de trabalho. Fatores que chamaram muito a atenção da população que, até aquele momento, encontrava-se no campo. Por outro lado, nos últimos anos, mesmo com tantas oportunidades, os problemas da área urbana – barulho, poluição, violência – têm ascendido a vontade da população em retornar para a vida no campo.

Bairro Itaipava em Itajaí | Foto de Ademir Junior

O bairro Itaipava, em Itajaí, é um exemplo disso. Mesmo estando a minutos do centro da cidade, carrega um ar de interior e tranquilidade, tendo como moradores e habitantes alguns agricultores e ruralistas, que vivem do que plantam e vêm nascer da terra seu sustento. Segundo a Engenheira Agrônoma e Diretora de Agricultura de Itajaí, Christianne Carvalho, a cultura agropecuária principal nesta região é o cultivo de hortaliças, arroz e criação de gado, características do meio rural. Mesmo assim, ela afirma que a expansão urbana é presente. “Apesar da comunidade de Itaipava ser uma comunidade rural, está em área de expansão urbana. Existem poucos agricultores produzindo nesta localidade”.

Bairro Itaipava em Itajaí | Foto de Ademir Junior

Zenaide Aparecida, 53, viveu no bairro Cidade Nova, antigo Promorar, em Itajaí, durante toda a sua infância. Acompanhou a evolução e crescimento do lugar, que deixou de ser área rural e passou a ser um espaço urbano. Zenaide não se acostumou com a mudança. Após perder tragicamente seu filho em frente à sua própria casa, vítima da violência, optou por deixar o bairro para trás e ir embora. Hoje, ela mora com seu marido no bairro Itaipava. “A gente gostava de viver no ‘Promorar’, mas estava ficando muito perigoso e sem sossego. A decisão veio na hora certa, moramos hoje em um local calmo, seguro e com o ar puro”.

Vista da casa do casal no bairro Itaipava | Foto de Ademir Junior

Além da tranquilidade e saúde que o ambiente rural proporciona, a oportunidade de estar em contato com a natureza diariamente pesa para quem escolhe viver afastado da cidade. Quando perguntado do que sente mais falta da vida urbana, Ricardo Costa, 67, marido de Zenaide, aponta a distância do comércio. “Aqui é tudo mais longe, para ir ao mercado, padaria e lojas a gente tem que andar muito. Compramos até uma bicicleta elétrica para facilitar esse trabalho. Mesmo assim, não troco minhas plantações e essa paz por nada”.

Ricardo Costa após um dia de colheita | Foto de Zenaide Aparecida

Para os próximos anos, a tendência para bairros como o Itaipava é a expansão da área urbana com a construção de novas casas, prédios, lojas e indústrias. No entanto, a preocupação pela existência e fortalecimento do ruralismo na cidade existe e é pauta para o poder público. Segundo o secretário de Agricultura e Expansão Urbana de Itajaí, César Reinhardt, o campo é fundamental para qualquer cidade e, logo, deve ser preservado. “O ideal é que tenhamos um cinturão verde protegido da pressão urbana”, argumenta.

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