Em Balneário Camboriú, Fernanda Young compartilha suas vivências de mulher

De passagem pela Feira do Livro da cidade, a escritora aproveitou para falar sobre seu novo livro, “Pós-F: Para além do masculino e do feminino”

Fernanda Young é uma mulher que não passa despercebida. Sempre com uma pitada de ironia e sarcasmo, qualidades das quais ela se orgulha, ela compartilhou a sua história, suas vivências, experiências e sua forma de ver o mundo bem à frente da sua geração, como ela mesma disse, demostrando uma clareza de ideias que é singular. E todos estavam de olhos bem abertos e atentos para aquela mulher que falava com um tom calmo, porém firme.

Várias pessoas se emocionaram no momento em que Fernanda contou sobre o momento de depressão que lhe assombrou e que superou graças à família. A autora confessa que a sua obra mais recente foi fruto desse momento difícil, quando foi diagnosticada com a doença.

A Feira do Livro de Balneário Camboriú, que encerrou no fim de semana passado, convidou a autora para falar sobre sua mais recente obra, o seu primeiro livro que não é ficção: “Pós-F: Para além do masculino e do feminino”, da editora Leya.

O livro apresenta uma visão de vida de uma mulher que tem quatros filhos, filhos esses que ela cita no texto diversas vezes, e que atravessou várias fases de autoconhecimento, fases que lhe fizeram aceitar seu gênero com mais orgulho e menos represálias, já que teve muitas dificuldades em aceitar o feminino na sua vida.

“Não sou especialista em nada. Melhor, não sou especialista de coisa pronta. Procuro me aprimorar em mim, entendendo sobre mim – usando, é claro, tudo o que observo nos outros”. Assim Fernanda se apresenta no livro em que fala dela, da sua vida, pois todos os assuntos que aborda no livro têm a suas experiências como referência.

Opinião: um monólogo pra provocar

Diria que Fernanda escreveu um livro que dialoga com o leitor como se fosse um monólogo. Um monólogo egocêntrico, onde afirma muitas coisas de forma firme, a partir de sua perspectiva. Perspectiva de uma mulher privilegiada, em comparação à maioria das mulheres do país.
A leitura é incômoda e acabo concordando com uma ou outra afirmação dela, mas logo me deparo com declarações que penso serem feitas para provocar mesmo. Fernanda gosta mesmo disso, de gerar desconforto e te fazer sair de todas as caixinhas que as pessoas acabam comportando suas ideias.

Ela vem e cria a sua própria linha de pensamento, principalmente quando fala de feminismo, assédio, sexualidade e gênero. Debochada, Fernanda expõe seus pensamentos doa a quem doer, sem pensar no que vão pensar. Ela mesma afirma que não se importa mais.

A autora questiona o assédio e diz que o mundo está pirando. Coloca o assédio na internet como mais grave do que um homem a chamar de “gostosa” na rua, defendendo que as pessoas não aceitam mais um galanteio e que as mulheres também têm seu papel como assediadora.
Acredito que essa forma de pensar de Fernanda é muito pessoal. É a forma dela pensar o assédio. Simultaneamente, diz que não admite machismo ou outros tipos de preconceitos contra a liberdade individual.

A autora finaliza pedindo um mundo em que não precisemos mais usar o feminismo. Frase que pode soar estranha, mas penso que como mulher, vale mais, e ainda mais, reforçar um mundo em que não precisemos ter que conviver com nenhum “ismo”, principalmente o machismo.

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