Houve aumento na adoção de cães e gatos, mas também na compra de animais silvestres, como calopsitas, coelhos, hamster e esquilos da Mongólia
Com o isolamento social imposto pela pandemia, as pessoas têm procurado mais pela companhia de bichinhos. O aumento foi não só na adoção de animais como também na compra, levando agropecuárias da cidade de São João Batista, por exemplo, a ficarem sem oferta para tanta demanda.
Durante a pandemia, a procura para adoção de cães e gatos aumentou. Segundo a ONG Viva Bicho, de Balneário Camboriú, a busca por animais domésticos teve um aumento de 40%. Aparentemente, em São João Batista, cidade do Vale do Rio Tijucas, o aumento não foi só na adoção de cães e gatos. Segundo algumas agropecuárias da região, a população tem procurado a compra de animais silvestres, como calopsitas, coelhos, hamster e esquilos da Mongólia. A procura tem sido tão alta que agropecuárias têm tido problemas para conseguir dar conta da alta demanda.
A adoção responsável de um animal é como um ato de cidadania e pode trazer benefícios à família que adota. Segundo a diretoria da ONG Bem-Estar Animal, de Florianópolis, adotar ajuda no desenvolvimento de responsabilidade e respeito. “Se bem trabalhada na família, a adoção pode ajudar na socialização da criança, na criação de responsabilidade e respeito a outros seres”, afirma Marcelo Dutra Cunha, gerente da Bem-Estar Animal.
A Organização Bem-Animal (OBA!), de Florianópolis, doou mais de 30 animais em 2020. O projeto Rota Adota, também da capital, resgatou muitas ninhadas e doou mais de 80 animais. A OBA! diz que desde o início da quarenta o número de animais adotados teve um aumento significativo. Não há um perfil específico de quem busca adoção, a ONG recebeu desde casais com filhos até pessoas que moram sozinhas interessadas na adoção. “Pessoas que estavam se sentindo sozinhas ou até mesmo famílias com crianças perceberam que a adoção de um animal poderia deixar este período tão difícil e incerto muito mais leve”, explica Ana Lúcia Martendal, diretora da OBA!.
Glauciane Keila do Nascimento, 23 anos, conta que foi difícil para todos o isolamentos, porém, mais ainda para a sobrinha com quem mora. “É difícil para eles entenderem que nesse momento temos que ficar em casa”, afirma Keila. O isolamento somado à falta de contato com a natureza foram alguns fatores que influenciaram a adoção de um gato e a compra de um esquilo da Mongólia. Para a família, a experiência tem sido das melhores.
Emanuel Booz Farias, oito anos, ganhou um esquilo da Mongólia de sua mãe alguns meses após a pandemia ter começado. “O que eu mais gosto em ter um esquilinho é ter um bichinho fofinho pra fazer carinho”, conta o garoto que criou um vínculo com seu animalzinho. Segundo Viviane Booz, mãe de Emanuel, seu filho se tornou mais carinhoso e o fato de ter um animal de estimação gerou nele um senso de responsabilidade maior.
Para a ONG OBA!, o isolamento ocasionou o interesse das pessoas em terem um companheiro animal. “Os animais criam fortes vínculos de afeto, são companhias muito prazerosas”. Assim como há aqueles que buscam a companhia de cães e gatos, há alguns que preferem animais menores, como coelhos, hamster, calopsitas e até esquilos da Mongólia. Esses bichinhos não são encontrados para adoção, mas sim comercializados em agropecuárias. Segundo a Agropecuária Marques, de São João Batista, durante a pandemia houve uma maior procura por coelhos e calopsitas, tanto que conseguir esses animais tem sido difícil. Além da agropecuária Marques, a agropecuária Colorado também tem tido dificuldade em conseguir alguns bichinhos como a calopsita para poder vender. Segundo o estabelecimento, a procura é alta, assim que chegam os animais já são comprados.
De acordo com o especialista em direito empresarial Tiago Medonça dos Santos, a demanda maior que oferta nas agropecuárias é um fenômeno momentâneo vindo como reflexo da pandemia. Assim como, agora, há alta na procura para a compra desses animais, em um momento futuro, pode ser que haja a redução na procura. Contudo o especialista alerta que como há muita demanda e pouca oferta pode levar a um consequente aumento de preços abrindo espaço para o incentivo do tráfico de animais. “É importante que o consumidor se preocupe em saber sobre a procedência do animal que está adquirindo”, completa Tiago. Saber da procedência pode evitar problemas com a compra de animais não registrados e desencoraja o crescimento de maus criadouros.