Projeto trata gratuitamente pacientes com linfedema

Laboratório de Ensino e Assistência ao Linfedema – LEAL atende pacientes de toda a região na Clínica de Fisioterapia da Univali em Itajaí
O linfedema é uma consequência do desequilíbrio do sistema linfático, um sistema que auxilia o sistema venoso na circulação de líquidos do corpo. Diferente do sistema venoso, o líquido circulado pelo sistema linfático é mais proteico e de textura mais espessa. Essa proteína, quando acumulada em algum membro do corpo, causa fibrose, ou endurecimento, que tende a aumentar sempre de volume. Esse volume gera compressão nos sistemas nervoso e venoso, problemas nas articulações e ligamentos, além de dores musculares.
Há dois anos, na Clínica de Fisioterapia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), funciona um projeto que atende gratuitamente as pessoas de Itajaí e região que possuem qualquer tipo de linfedema. O Laboratório de Ensino e Assistência ao Linfedema – LEAL é composto por alunos do curso de Fisioterapia em parceria com outros cursos da área da saúde.
O projeto realiza os tratamentos a partir da drenagem do membro afetado, mas os pacientes também precisam de apoio psicológico, bem como o auxílio de dietas e medicamentos prescritos e do tratamento de ferimentos que podem decorrer dos edemas. “Nesse semestre a gente tem uma aluna de Enfermagem, duas de Farmácia e uma de Psicologia ajudando, além de seis da Fisioterapia. Em outros períodos tivemos também de Nutrição. A integração de conhecimentos é essencial para o sucesso do tratamento. Quanto mais cursos vinculados, melhor”, explica a coordenadora do projeto, professora e fisioterapeuta Francine Fischer Sgrott.
Além de oferecer os tratamentos para a comunidade, o LEAL ajuda a formar os alunos que passam por essa experiência. “Esse projeto me deixou mais próximo dos pacientes. Aprendi com eles, aprendi a cuidar deles, e posso dizer que essa convivência é tão importante pra nós, alunos, quanto o tratamento é para eles”, conta o estudante de Fisioterapia Matheulli Andrade, de 22 anos.
A divulgação do LEAL, atualmente, é feita “boca a boca”. Os responsáveis pelo projeto entram em contato com cirurgiões vasculares e mastologistas para que encaminhem os pacientes. Mesmo se tratando de uma doença crônica, todas as fases do linfedema têm tratamento e todas são atendidas no projeto. “Existe o controle do edema, mas não a resolução dele. Quanto mais elevado o grau, mais difícil é de tratar”, analisa a professora.
O linfedema possui quatro graus, ou estágios. No primeiro estágio, não há alteração no volume do membro, apenas um cansaço ao longo do dia que tende a cessar após a noite de sono. No segundo estágio, já se percebe uma diferença sutil no tamanho do membro, e no terceiro, o volume aumenta e começa a acontecer fibrose e descamação da pele, por falta de circulação. O quarto grau é popularmente conhecido por elefantíase.
O atendimento na clínica é feito de segunda a sexta-feira, das 13h40 às 15h10. É indicado que o paciente faça um intensivo durante duas semanas na clínica para reduzir ao máximo o edema. Aos finais de semana, é indicado realizar a compressão do membro para evitar que o volume progrida. “A gente tem flexibilidade, porque cada caso é um caso. Já tivemos pessoas que precisavam de mais tempo, até de mais dez dias de tratamento. Então, fazemos na medida do possível”, relata Sgrott.