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Conservação de animais marinhos mortos ajuda na defesa ambiental

Processo realizado por agentes de recolhimento, identificação e conservação de espécimes contribui com estudos que podem gerar leis protetoras

Diversos animais marinhos são frequentemente encontrados na costa catarinense. As razões que os levam até a areia podem variar de acordo com o que vivenciam. Em alguns casos espécies de raro aparecimento na região catarinense são coletados e conservados. O papel desempenhado por agentes de preservação destes espécimes é de significativa importância científica, por contribuir como propulsor para a realização de pesquisas, que por sua vez impulsionam ações necessárias para a proteção do ambiente marinho contra fatores de risco causados pelo homem.

As principais ações humanas que impactam o oceano são o descarte incorreto do lixo, que pode ser engolido ou entrar em estado de decomposição até se tornar nanoplástico, uma forma já microscópica de poluição; redes inadequadas ou abandonadas que, respectivamente, capturam animais em situação de risco e os prende durante tempo o suficiente para causar sua morte; grandes derramamentos de petróleo, ou ainda pequenos rompimentos de tubos para extração de petróleo, que causam poluição química nos oceanos. Além disso, os materiais da indústria petroleira emitem sons capazes de causar irritação e desnorteamento das espécies.

Segundo Gabriela Philippsen, graduada em Ciências Biológicas, existem duas espécies marinhas, em fatores de risco, de maior visibilidade no Brasil. A tartaruga verde (Chelonia mydas) passa pela região sul durante sua fase juvenil em busca de alimento, e acaba por confundir algas com o plástico que flutua pelas águas. Já a toninha (Pontoporia blainvillei), um dos menores golfinhos, perde suas nadadeiras dorsal e laterais por conta da aproximação de embarcações, além de sofrer com anóxia, a falta de oxigenação no cérebro, ao ficar presa em redes de pesca. “A toninha entra em estado letárgico porque o organismo dela promove um desmaio, primeiramente como um mecanismo de proteção para não aspirar água, mas ela acaba morrendo porque não volta para respirar [na superfície]”, esclarece Gabriela .


Toninhas, adulta e juvenil, expostas no Museu Oceanográfico Univali, em Balneário Piçarras (Foto: Luiza Vilas Boas)

A bióloga Bibiana Lessa declara que existe um número significativo de animais aquáticos em condição de risco além das chamadas “espécies bandeira”, de maior destaque na mídia. Na região catarinense 9 espécies de tubarão fazem parte da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, além de cavalos marinhos, corais e aves costeiras das quais pouco se ouve falar. Diversas listas são coordenadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), uma associação que classifica riscos de diferentes níveis, que variam em intensidade dos problemas identificados ao redor do mundo.

Bibiana explica que a ação de instituições de recolhimento e identificação é apenas o início de um longo processo para criar e atualizar listas da IUCN, um importante órgão que permite a preservação do ambiente marinho. A tabela a seguir expõe, resumidamente, alguns passos que proporcionam tais medidas protetivas na costa da região.

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) atua em toda a costa do sul e sudeste brasileiros com o objetivo de inspecionar os impactos causados pela extração de petróleo, além de recolher espécimes das praias para realizar o devido encaminhamento e oferecer suporte veterinário a espécimes feridos. Existem ainda na região catarinense o Instituto Anjos do Mar e projetos como o Somos do Mar e Ecolocal, que atuam em conscientização, limpeza de praias e monitoramento ambiental.

“Em termos ambientais o Brasil é muito bem desenvolvido, com uma legislação ambiental de alto nível.  No que falhamos é um ponto chamado fiscalização. A normativa é aplicada e exigida quando o projeto tem que ser aplicado, mas a gente tem um país muito grande, com uma costa imensa. Então, não temos uma máquina pública capaz de manter toda a estrutura que nós precisaríamos ter para fiscalizar todo esse espaço” , ressalta a bióloga Bibiana.

Ações cidadãs são, portanto, de extrema importância diante da situação vivenciada. O descarte adequado de lixo e a diminuição do consumo de plástico, como exemplos, contribuem significativamente com causa de conservação ambiental da vida marinha. A importância da preservação, é “o equilíbrio do planeta, porque o ecossistema marinho controla todo o resto. Um desequilíbrio na base é importante. Se o organismo mais simples sumir, o homem vai ser afetado, não hoje, mas talvez daqui há alguns anos a chance exista”, finaliza Philippsen.

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