Considerado o quintal dos moradores de Balneário Camboriú, local é frequentado por apreciadores de trilhas e esportes radicais
Para quem procura aventura e emoção, o Complexo Turístico Morro do Careca (CTMC) tem a combinação perfeita entre adrenalina e esportes radicais. Localizado no extremo norte do município de Balneário Camboriú, divisa com Itajaí, sendo limitado em sua grande maioria pelo mar, o Morro é muito frequentado pela turma das trilhas e parapente, já que podem fazer não só voos individuais ou duplos, mas também trilhas pela Praia do Coco, Amores e da Concha.
Apesar de ser um ponto turístico da cidade, 70% da população de Balneário Camboriú não conhece o Morro do Careca, de acordo com a Administradora do Complexo, Sabrina Peirot. A maioria dos visitantes são pessoas de outros estados. Em época de temporada, o complexo recebe de 3 a 5 mil turistas por dia e conta com loja de souvenires, banheiro, vigilância, iluminação e monitores.
O espaço é cercado de verde e atrai muitas pessoas que procuram paz e um bom local para meditar. “O Morro do Careca representa o jardim de Balneário Camboriú. São poucas as praças como esta em que a gente possa se sentir a vontade em meio a natureza”, conta Sabrina Peirot.
A Associação de Voo Livre do Morro do Careca (AMCA) é quem administra o complexo turístico e a atuação de instrutores credenciados para aulas e voos de parapente. É uma associação sem fins lucrativos e todo valor arrecado, com os quiosques e os voos, é investido em melhorias no espaço e projetos de inclusão.
Infelizmente, o recurso arrecadado não é o suficiente. Mas falta de vontade não é o problema. “A gente tenta trabalhar com toda ferramenta que temos disponível e tudo é feito com muito amor e dedicação”, comenta o presidente da AMCA, Ricardo Lincoln das Neves.
Recentemente, a associação colocou em prática o projeto Amigo do Morro do Careca, que reuniu crianças do jardim de infância para assistir a palestras envolvendo a preservação da fauna e flora do planeta. “Em um momento, passou um ator jogando lixo no chão e as crianças repreenderam o ato. Foi um dia divertido”, conta Ricardo.






Infelizmente, nem todas as pessoas entendem a preservação do meio ambiente como as crianças entenderam. Mesmo com lixeiras espalhadas pelo local, ainda há muito lixo jogado no chão. Para limpar o Complexo, a AMCA realizou o projeto Lixo Zero, que reuniu um grupo de mais de 100 pessoas para limpeza do morro inteiro, desde as praias até o pico.
A entidade também trabalha com projetos de inclusão social, como o projeto Downs. Crianças com Síndrome de Down fazem um passeio com os instrutores e conhecem todo o Morro, de maneira interativa com a natureza e algumas delas até toparam saltar de parapente. “É um dia especial. No início achávamos que nós dávamos um presente a eles, mas a verdade é que nós recebemos o presente deles”, diz Ricardo.
O Morro do Careca virou referência quando se trata de voo livre, mas eles tem outras peculiaridades. “Você já ouviu falar da praia das Conchas?”, pergunta o presidente da AMCA. “É uma praia que pertence ao complexo e não tem areia. Se você cavar um metro, vai achar conchas e mais conchas. É lindo demais e também é muito procurada por estudiosos”, conta.
O Morro do Careca é a única rampa do Brasil que tem seguro para quem voa. A atividade de parapente depende da condição climática e os voos sempre são realizados do meio dia até o pôr do sol. “Eu acho que o sonho de todo o ser humano é voar. Com esse esporte, a gente consegue a sensação de liberdade sem gastar uma gota de combustível, sem fazer força ou usar motor, simplesmente através da natureza. É o mais próximo de um pássaro que o ser humano pode chegar”, explica o instrutor de parapente Kauli Mondadori.
O instrutor está há 23 anos no ar. “Voar faz parte da minha vida. Sou encantado pelo esporte. Eu não consigo me imaginar sem isso e em todos os vôos eu sinto a sensação de frio na barriga”, conta Kauli sobre essa paixão. Ele também diz que se um dia esse medo acabar, ele não voa mais. “É o medo, a sensação do desconhecido, que inspira as pessoas a voarem”, conclui.