Transporte coletivo tem baixa procura em Barra Velha

Até fevereiro deste ano, cidade do Litoral Norte não possuía transporte coletivo municipal

Parece estranho pensar que uma cidade com aproximadamente 30 mil habitantes não tenha um serviço de transporte coletivo municipal. Mas essa era a realidade que os moradores de Barra Velha, cidade no Litoral Norte de Santa Catarina, enfrentavam até fevereiro, quando começou a circular no município o Coletivo Barra Velha. O serviço é oferecido pela empresa barravelhense Silvatur Transportes, que foi a vencedora de uma concorrência pública aberta pela prefeitura.

O contrato assinado em janeiro desse ano prevê que a empresa arque com todos os custos e a prefeitura conceda a liberação do funcionamento e faça a fiscalização e regulamentação do serviço. Atualmente, o Coletivo atende a população da cidade e os alunos da rede pública de ensino, mas, para Renata dos Santos, secretária da empresa, a procura ainda é abaixo do esperado.
Em todo mês de abril, desconsiderando os estudantes, foram vendidas 270 passagens nas quatro linhas, uma média de 12,27 passagens por dia de funcionamento. Morador do bairro Itajuba, Hilário Meyer, 70 anos, depende do transporte público para suas consultas médicas. “Eu já ouvi falar no ônibus de Barra Velha, só não sei os horários e por onde eles passam. Então, uso o da empresa Navegantes, com a carteirinha do idoso”, conta ele. A empresa Viação Navegantes é operadora do sistema intermunicipal na região.
Se entre os usuários o transporte municipal ainda não é muito conhecido, no ambiente escolar ele já causou polêmica. O uso dos ônibus pelos estudantes desagradou muitos pais que não consideraram seguro transportar crianças em veículos compartilhados com outros usuários.
“Eu não acho certo, pode ser perigoso para as crianças. Hoje, os ônibus andam vazios, mas, futuramente, podem não estar mais”, fala Roberta Maiochi, 30 anos, mãe de um estudante. A empresa garante que não há problema nenhum pois, como os ônibus nunca estão lotados e a maioria dos passageiros são os alunos, o monitor que acompanha o transporte consegue ter controle de todos.

Janice da Silva, coordenadora do transporte escolar municipal, justifica a necessidade da terceirização pois a frota da prefeitura não consegue atender a demanda de alunos – tanto em vagas quanto na logística das rotas, “Se os ônibus da empresa não atender os estudantes, em alguns lugares as crianças precisariam estar às 6h no ponto aguardando o transporte”, explica ela. O serviço é contratado pela prefeitura através da compra de passes, são dois passes diários por estudante. Como previsto em lei, as passagens tem 70% de desconto. O controle de acesso é feito através de carteirinhas fornecidas pela prefeitura e a monitoria é também de responsabilidade do município.