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Brusque registra em 2022 o maior número de suicídios em 20 anos

Foto: Divulgação/ Freepik

Brusque enfrentou uma preocupante escalada no número de suicídios em 2022, atingindo o maior patamar dos últimos 20 anos. Segundo dados fornecidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Vigilância em Saúde local, foram registrados 19 casos de suicídio no ano passado, estabelecendo um triste recorde desde o início do século. Ao longo desse período, o município acumulou um total de 225 suicídios, com uma média de mais de 10 casos por ano.

Os anos de 2016 e 2019 também se destacaram como preocupantes, ambos com 16 casos, seguidos por 2020, com 18 registros. Os dados do Ipea revelam que, embora os números de suicídios tenham variado ao longo dos anos, houve um leve aumento a partir de 2012.

Ao analisar os registros de suicídios por mês, observa-se que fevereiro lidera a lista, com seis casos, seguido por janeiro e maio, ambos com três casos. Abril e setembro tiveram dois casos cada, enquanto março, junho e julho não apresentaram registros. Os meses de agosto e outubro tiveram um caso cada.

Pandemia

A pandemia de Covid-19 é apontada como uma das principais causas desse aumento alarmante. Inajá Gonçalves de Araújo, coordenadora de Saúde Mental da Prefeitura de Brusque, destaca o aumento significativo da depressão e dos transtornos de ansiedade. Além disso, muitas pessoas têm recorrido à automedicação sem orientação médica, resultado das alterações na rotina diária, como a prática de exercícios, a alimentação e o acúmulo de medo, que afetaram a vida de muitos indivíduos.

Para combater essa situação preocupante, a Prefeitura de Brusque está desenvolvendo o Plano Municipal de Prevenção ao Suicídio, previsto para ser concluído no início de 2023. Atualmente, a cidade segue o protocolo da Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS) estadual, que abrange desde a compreensão das características da sociedade local até as diferentes formas de suicídio registradas.

No entanto, é essencial ressaltar que cada região apresenta suas especificidades, exigindo adaptação das estratégias de prevenção à realidade de cada município. A Secretaria de Saúde informou que o Ministério da Saúde ofereceu capacitação aos profissionais no início do ano, com previsão de continuidade até o final de 2023.

Temática complexa

“A temática do suicídio é extremamente complexa”, afirma Jones Trajano Ceci Emann, psicólogo atuante na Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental (Ament) em Brusque. A Ament é um projeto do Ministério da Saúde que busca facilitar o acesso das pessoas a um nível mais elevado de cuidados em saúde mental. Essa equipe é composta por médicos, assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais de uma abordagem multidisciplinar.

Jones ressalta que muitos pacientes tendem a esconder os sintomas associados ao suicídio, como perda de prazer, distúrbios do sono, agressividade e alterações comportamentais. Por meio de questionamentos e diálogos, o psicólogo adquire um maior entendimento sobre o contexto de vida do paciente e consegue identificar possíveis sinais de risco.

No entanto, Jones destaca que o processo de atendimento pode levar tempo, e a participação da família é essencial nessa avaliação. Quando são descobertos históricos de tentativas de suicídio, sabe-se que a probabilidade de ocorrências futuras aumenta. Nesses casos, o paciente é encaminhado para serviços especializados.

Serviços

Na Ament, é oferecido suporte ambulatorial para tratamentos moderados. No âmbito do sistema público de saúde, o atendimento especializado é fornecido pelo Caps II (Centro de Atenção Psicossocial) e pelo Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas). O primeiro destina-se a transtornos psicológicos, enquanto o segundo auxilia aqueles que sofrem de dependência química.

Segundo o psicólogo, muitos pacientes e seus familiares passam pela triagem na Ament. No entanto, muitos procuram diretamente os serviços especializados em busca de atendimento. Esses serviços podem ser acessados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), seja nas Unidades de Saúde, nos Centros Integrados de Apoio Psicossocial (Ciaps) ou diretamente nos serviços especializados disponíveis.

Além dos esforços governamentais, o Centro de Valorização da Vida (CVV) desempenha um papel fundamental ao contar com uma rede de voluntários treinados para fornecer apoio emocional e prevenir o suicídio. O CVV está disponível 24 horas por dia, e o atendimento é anônimo. As pessoas podem entrar em contato pelo telefone 188 ou enviar um e-mail para apoioemocional@cvv.org.br para obter auxílio.

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