Se você é morador ou já visitou a cidade de Itajaí, é bem provável que tenha se deparado com as capivaras que ficam na Avenida Beira-Rio e na estrada para o bairro Cabeçudas. O motivo destes animais viverem tão bem ali é porque as capivaras são animais herbívoros, que ocupam qualquer ambiente com água, alimento, resquícios de mata e que se adaptam muito bem aos ambientes urbanos. Entretanto, nestes espaços modificados, tendem a aumentar a sua população devido à ausência de predadores, como cobras e jacarés, promovendo o desequilíbrio. Neste contexto, o ideal é que estes animais se mantenham longe de tais ambientes.
A capivara é um animal silvestre que os seres humanos não deveriam entrar em contato, visto que, diferente dos animais domésticos, ela não passa por uma avaliação veterinária. Quem sabe você até já fez carinho em alguma delas, pois são animais muito dóceis. Mas as capivaras podem ser hospedeiras de doenças como leptospirose ou até mesmo promover a proliferação do carrapato-estrela, este que transmite a bactéria que causa a febre maculosa, bastante perigosa aos humanos.
“A febre maculosa é transmitida através da picada do carrapato-estrela, que pode estar hospedado na capivara, no solo próximo ao animal, ou até mesmo estar alojado em algum animal doméstico, como por exemplo, um cachorro ou um gato”, afirma Pablo Sebastian Velho, professor de Medicina na Univali, com especialização em infectologia.
Segundo o infectologista, a doença acaba tendo um diagnóstico bastante difícil e tardio, pois não se pensa muito nela. Após a picada do carrapato é necessário que ele fique aderido ao corpo da pessoa de quatro a seis horas para que ocorra a contaminação por essa bactéria que se chama Rickettsia. Ao menos em uma semana com esse carrapato aderido ao corpo, começam a aparecer os sintomas da doença, que vão de febre alta, dores de cabeça e musculares, enjoo e vômito.
Após o segundo ou terceiro dia da doença, começam a aparecer manchas no corpo, chamadas de maculas, daí vem o nome ‘febre maculosa’. Nos casos mais graves, levam a sangramentos, insuficiência renal e edema pulmonar, com 80% de chance de morte do paciente. Para evitar que a doença evolua, é feito tratamento de uma a duas semanas, com o uso de antibióticos, disponíveis nas redes de saúde pública.

Não somente as pessoas estão sujeitas a sofrerem da febre maculosa, mas também os animais domésticos. Os sintomas nos animais são semelhantes aos humanos. “Pode haver vômito e diarreia. Alguns animais apresentam edema no focinho e nas patas. Há rigidez muscular, pois a doença causa muitas dores musculares. Em casos mais avançados da doença, pode ocorrer sangramento nasal, na urina ou nas fezes”, afirma a veterinária Laís Pena. O tratamento nos animais, assim como nos humanos, é feito através de antibióticos, podendo haver casos de internação e fluidoterapia em animais que apresentam desidratação e lesões renais.
Para que as pessoas não fiquem tão sujeitas ao contato com a capivara, é necessário que haja educação ambiental, fundamental para a compreensão da importância da preservação das matas ciliares, restabelecendo o equilíbrio populacional dos animais, além de os manterem longe dos centros urbanos. “O controle e o monitoramento, com autorização do IBAMA, é fundamental para não causarem problemas para a comunidade e o desequilíbrio ambiental em outras regiões”, afirma Luciane da Rocha, professora nos cursos de Ciências Biológicas e Engenharia Ambiental e Sanitária da Univali.
A Fundação Municipal do Meio Ambiente de Itajaí (FAMAI) afirma que não desenvolve nenhum projeto específico às capivaras, entretanto “qualquer projeto ambiental realizado no município, uma vez que beneficie o meio ambiente irá beneficiar as capivaras, assim como, todo o meio ambiente de maneira geral”, afirma Andreia Resch, Diretora de Defesa Animal da FAMAI.
As capivaras, como qualquer espécie animal, têm sua proteção amparada pela Constituição Federal em seu art.225 e por legislações específicas, caso da Lei Federal 9605/1998 que trata dos crimes contra o meio ambiente, incluindo os crimes contra a fauna. No âmbito municipal, existe o código de proteção animal, Lei 5527/2010, que também prevê direitos e amparos aos animais.
As capivaras não passam por veterinários, pois são animais silvestres. Sendo assim, não é realizado nenhum tipo de manejo para avaliações clínicas desses animais, exceto em situações que essas populações causem algum transtorno à saúde pública. Neste caso, esses animais podem ser resgatados pela FAMAI e/ou pela Secretaria Municipal de Saúde e serem encaminhados para a Unidade de Acolhimento Provisório de Animais para tratamentos e acompanhamentos.
Como abordado no texto, as capivaras dividem o mesmo espaço que a população em Itajaí, não tendo um espaço adequado para viverem. Sabendo dos riscos que elas transmitem à população, foi desenvolvido um questionário e aplicado aos moradores, alcançando o número de 23 respostas. Foram feitos os seguintes questionamentos: